Vou Vivendo
Pixinguinha
Meu coração foi de bar em bar,
Se perdeu nunca mais se achou
Foi vivendo assim
Sem ter ningúem para dizer um boa noite
E na penúltima nem tomou
Nem deu conta quando um garçom
Ò cobriu com uma noite de estrela para ele dormir.
E... pelos bares por onde andei
Quantos copos eu já quebrei
Ao brindar muita paz e a Deus rogar aos amigos saúde.
Quando se foram sem um adeus
Se grudando nos versos meus
Como cacos de vidros espalhados
No meu coração.
Sonhou que era um chorinho
Tocado carinhoso
Pediu então um chopinho
Bem caprichado na pressão
E veio geladinho
Espuma no colarinho
Ah seu garçom vai com jeitinho
Pede outro chorinho sem sair do tom.
Meu coração vai vivendo assim
Mendigando de bar em bar
Uma esmola qualquer
De uma palavra de um jeito carinhoso.
Velhos amigos quero rever
Vendo à noite se transformar
Numa rede que vai entre nuvens me adormecer
Em cada bar
Que eu passei
Eu lavrei a escrição
Trouxe aqui
Este meu coração
Para nele sua mágoa afogar
Bar doce lar
Que aos boêmios a vida abrigou
Lua cheia ou minguante ou num quarto de lua
Há um lugar para essa dor.
Mais feito um bar o amor
É fiel ao amor
Ao seu modo ele quer procurar
Outros braços pra neles dormir
Sabe que a vida tapete de estrelas já vai
Estendendo pelo ar esse novo endereço
É ali por aí.
Em cada bar fez um novo amor
E os larguei quando Deus mandou
Vou vivendo assim
Porque o destino me fez um vadio.
Novo endereço ele vai traçar
E virei para te avisar
Quando à noite uma toalha de estrela
Me ter para cobrir.