quarta-feira, janeiro 31, 2007


ULTIMA VISIO

“Quando o homem, resgatado da cegueira
Vir Deus num simples grão de argila errante,
Terá nascido nesse mesmo instante
A mineralogia derradeira!
A impérvia escuridão obnubilante
Há de cessar! Em sua glória inteira
Deus resplandecerá dentro da poeira
Como um gasofiláceo de diamante!
Nessa última visão já subterrânea,
Um movimento universal de insânia
Arrancará da insciência o homem precito...
A Verdade virá das pedras mortas
E o homem compreenderá todas as portas
Que ele ainda tem de abrir para o Infinito!”


Augusto dos Anjos

Apophthegma Nous


Afinal!

Quem?

Culto, instruído, intelectual,
Aquele que é o tal!
Gênio ou débil mental?
Consciência e inconsciência, o índice do quociente emocional,
Testes científicos, perfil cognitivo, interpretação da ação límbica e onírica, sondagem inquisitorial cerebral.

Qual?

É capaz de saber, ou mesmo perceber
A verdadeira atividade neural,
Ou tampouco compreender,
A particularidade,
Singularidade,
Do extra-sensorial,
Da paranormalidade,
Excentricidade,
Do que é fenomenal,
Daquele que as análises julgam anormal?
Trata-se apenas de materialidade?
Ou tenta-se explicar o que é espiritual?
Com imparcialidade,
De maneira racional.

Sabe-se alguma coisa sobre a dor humana, a beleza do coração ou entranhas do mal?
Da diferença de nascer morto e morrer na mocidade?

A alma é eterna e imaterial?
Penso eu que sim!
E queima vagarosamente a substância existencial,
Sem fim,
Esta essência preenchedora da veste corporal.

Somos energias vivas imersas no universo imensurável e espaço sideral,
Tentando evitar os mesmos erros que atrasam o crescimento evolucional.

Alguém ainda lembra do objetivo primordial?
Quem afinal?
Proferirá enfim,
A sentença final infra-astral!

Será a própria mente do animal?

terça-feira, janeiro 16, 2007

O POETA


"A vida do poeta tem um ritmo diferente
É um contínuo de dor angustiante.
O poeta é o destinado do sofrimento
Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza
E a sua alma é uma parcela do infinito distante
O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende.
Ele é o eterno errante dos caminhos
Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso pelos extremos intangíveis
Clareando como um raio de sol a paisagem da vida.
O poeta tem o coração claro das aves
E a sensibilidade das crianças.
O poeta chora.
Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes
Olhando o espaço imenso da sua alma.
O poeta sorri.
Sorri à vida e à beleza e à amizade
Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam.
O poeta é bom.
Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras
Sua alma as compreende na luz e na lama
Ele é cheio de amor para as coisas da vida
E é cheio de respeito para as coisas da morte.
O poeta não teme a morte.
Seu espírito penetra a sua visão silenciosa
E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério.
A sua poesia é a razão da sua existência
Ela o faz puro e grande e nobre
E o consola da dor e o consola da angústia.
A vida do poeta tem um ritmo diferente
Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu
Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis."
Vinícius de Moraes
Rio de Janeiro, 1933

CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO

"Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,

Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel,

sem compreender nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil

Aonde viessem pousar os passarinhos."

Mario Quintana

domingo, janeiro 14, 2007

BACCHUS


Sonho com os campos elísios,

Em te beijar a boca,

Acariciar teus cabelos lisos,

Te deixar completamente louca,

Mesmo que com tantos avisos,

Grita! Grita até ficar rouca,

Como se estivessem lhe arrancando os cisos,

Vai! Tira a roupa!

Liberta-te dos martírios,

Quero-te desnuda,

Sentir cada parte do teu corpo,

Ame sem culpa,

Tua pele alva tem a textura das pétalas e dos lírios,

Entrega tua alma para que eu cuide,

Ata-me ao teu corpo,

Deixe eu percorrer o teu pescoço, para te cravar os dentes na jugular e te

Sugar lentamente, eternamente.....

sexta-feira, janeiro 12, 2007


"Do centro da luz radiante o som intrínsico da Verdade retumbará como o estrondo de mil trovões.
Não temam! Não tentem fugir!"
- O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS -
laelia purpurata werkhauser



A FLOR DO SONHO
Florbela Espanca

“A Flor do Sonho, alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...Milagre...fantasia...ou, talvez, sina...
Ó flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejas triste os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh’alma
E nunca, nunca mais eu me entendi...”


Fiat voluntas tua*

*(Expressão latina de resignação em face de um sofrimento ao qual não se pode fugir.)



Eu ando pela sombra,

Bebendo, fumando,

Numa depressão medonha,

Chorando e gritando: - Vida enfadonha!



**********



Tive um sonho de amor e de inocência,
Cheio de luz das coisas invulgares,
Do qual perdi a luminosa essência,
Na cristalização dos meus pesares,
Na consolidação da minha demência,
Assim também se foram os amores,
Pois tarde reconheci minha falência.

E terminado os múltiplos azares,
Da minha inútil existência,
No silêncio das cinzas tumulares,
Na ostentatação e opulência,
Construíndo jazigos seculares,
Para enterrar os cadáveres,
Com presteza e eficiência.

E da Morte, no além bizarro indefinido,
Tombei cansado, amargurado e cego,
Na cova estendido,
Abismo tenebroso e escuro que eu transponho,
Infeliz do meu eu irredimido,
Pois triste, louco e atordoado ainda carrego
O negro esquife do meu próprio sonho,
Preto, não nego,
É a cor da noite que proponho,
Para também representar meu ego.

Pensar nos martírios, dores e tormentos,
É perpetrar amargas redundâncias,
Redizer minhas mágoas, tristezas, minhas ânsias,
Relembrar minhas dores e lamentos...
Não sorvo mais os tóxicos violentos
Do desespero e da melancolia,
Apenas o da agonia.


Por tanto tempo andei pelo vale sinistro, de maneira errante,
Que os prazeres da vida converti-os
Em poemas das formas, em sombrios
Pesadelos da carne palpitante.

No derradeiro sono, a todo momento, a cada instante,
Vi fanarem-se anseios como fios,
De ilusão transformada em sopros frios,
Sobre o meu peito em febre, vacilante,
Vi carne podre nos rios
E ouvi um grito arrepiante.

Morte, na tua frente a alma tateia,
Olha, espia, inquire, sonda, cheira e chora, cheia
De incerteza na energia que tu plasmas!.
Alguns já estão aflitos,
Com a visão de mundos infinitos
E a ronda perpétua de fantasmas,
Na rua, no cemitério e nas suas casas.

************

Tudo passa pela vida, o tempo passa, o homem passa
Atrás dos anos sem compreendê-los,
A dor alveja-lhe os cabelos,
À frouxa luz branca de uma existência escassa e devassa.

Sob o infortúnio de ter tido uma vida não muito regrada, sob os atropelos
Da dor que lhe envenena o sonho e a graça,
Rasga-se a fantasia e ilusão que o enlaça,
E vê morrer lentamente seus ideais mais belos!...

Nada é sempre igual,
Tudo se transforma,
É o tempo espacial que deforma
E que retorce as engrenagens da vida espectral,
Numa velocidade absurda, que achata o planeta e à todos transmuda,

Atomicamente alterados,
Pela energia deletéria,
Esta radiação côsmica,
Da massa do universo.

Viagem sideral ao inverso,
Da física quântica,
E da substância etérea,
Em ritmos acelerados,
Na alquimia da matéria.

********

Eu vivi,
Sem conhecer deste planeta os paraísos,
Que somente a amargura dos sorrisos
Pela noite das dores conheci.

Com a alma isolada nos sofrimentos
infligidos, na aspereza de ser só pelos caminhos,
Encontrei o prazer pelos espinhos,
Ao escolher a estrada dos tormentos.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

A HORA ÍNTIMA


“Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: – Nunca fez mal...
Quem, bêbedo, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: – Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: – Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançará um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: – Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: – Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?
Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?”

Vinícius de Moraes
Rio de Janeiro, 1950

SPECTRUM


Por que dizem que o mundo é cruel?
A verdade dolorida
E nem tudo é doce feito mel
O aspecto é de uma ferida
Que corrói todos por igual
Tornando pálida as cores da vida
Nos dividindo entre o bem e o mal
Lucilar turvo pela selva colorida.

Como diz Machado de Assis:
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela claridade imortal que toda a luz resume!
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?”

O ÉBRIO


“Bebi! Mas sei porque bebi!... Buscava
Em verdes nuanças de miragens ver
Se nesta ânsia suprema de beber,
Achava a Glória que ninguém achava!
E todo dia então eu me embriagava
Novo Sileno, em busca de ascender
A essa Babel fictícia do Prazer
Que procuravam e que eu procurava.
Trás de mim, na atra estrada que trilhei,
Quantos também, quantos também deixei,
Mas eu não contarei nunca a ninguém
A ninguém nunca eu contarei a história
Dos que, como eu, foram buscar a Glória
E que, como eu, irão morrer também.”

Augusto dos Anjos

terça-feira, janeiro 09, 2007

APOCALIPSE


Poeta louco e sonhador,

finge sempre que sofre,

imitando a dor,

guardando moedas velhas no cofre,

dirfarçando seu rancor.

+++

Rabiscos no papel amarelado,

algum escrito não muito nobre,

uma vontade de ter dito e não só pensado,

trabalhando para ser menos pobre,

Triste e deprimido,

estabelecendo um diálogo incompreendido,

por detrás de uma cortina,

onde se encontra a mina,

que pode ser de diamantes ou explosiva,

ou talvez o que procures de maneira evasiva?

se é para perceber algo mais, então viva!

+++

Labirinto de palavras desordenadas,

na tentativa de parecer ser decente,

nas oportunidades não aproveitadas,

de forma trôpega e decadente,

muitas foram esquecidas,

ande, siga em frente!

mesmo que por estradas esburacadas,

se acha que não consegue, ao menos tente!

isso aqui não é um jogo de cartas marcadas,

ou é!?

+++

Mente o que sente,

numa frase articulada,

encanta muita gente,

bebe uma gelada,

conversa bastante,

dá uma gargalhada,

com a barriga igual à de uma gestante,

sentado na calçada.

fuma um cigarro rapidamente,

solta uma baforada,

pensando como era antigamente,

enquanto as flores murcham na sacada,

sob um sol escaldante e ardente,

capaz de deixar a pele bronzeada e queimada,

misto quente,

torrada,

palavras, palavras....mais uma tragada,

infelizmente,

a palavra está engasgada,

razão dessa salada,

numa disposição desordenada,

acredito que até errada,

mas de maneira convincente.

+++

Pregador apocalíptico,

visionário e crente,

poeta sonhador lunático,

voto em ti para presidente,

mesmo não sendo político,

para mim é suficiente.

estamos num momento crítico,

já estou rilhando os dentes,

pois as pegadas foram apagadas,

palavras perdidas,

mensagens deletadas,

verdades mascaradas,

resultando em interpretações equivocadas.

+++


"Quando os pássaros de ferro desovarem os ovos de fogo, quando os homens dominarem os ares e cruzarem o fundo dos mares; quando os mortos ressuscitarem; quando descer fogo dos céus e os homens do campo não puderem alcançar as cidades e os das cidades não conseguirem fugir para os campos; quando estranhos aparelhos forem vistos no céu e coisas extravagantes forem observadas na Terra; quando jovens e velhos tiverem visões, premonições e fizerem profecias; quando os homens se dividirem em nome de Cristo; quando a fome, a sede, a miséria, a doença e os cemitérios substituírem as povoações das cidades; quando irmãos de sangue se matarem uns aos outros e as criaturas adorarem à besta, então os tempos terão chegado"

João, o evangelista


A vida é passageira; a sepultura é perpétua

Qualis Vita, finis vita

Um trabalho que odiamos,
para comprar coisas que não precisamos,
comandados por representantes alienados,
não estou nem um pouco preocupado com a estética,
afinal! que fim deu a ética?
as vezes milimétrica, cuidadosamente estudada e tão valorizada,
meu verso é despretensioso, um tanto solto, liberto de aspectos intelectuais, dos quais muitos não se importam mais,
escrevo com a alma, não apenas com a s mãos,
impregnado de instintos animais, tal qual um pássaro livre, voando pelas órbitas celestiais,
não preciso de ar, apenas me alimentar da energia abundante milenar,
aquela capaz de revigorar até mesmo um cadáver que jaz,
quero me conectar com o que está por detrás deste mundo mordaz,
o que realmente existe, seja ou não ilusão, para mim significa paz,
se me perguntares qual a verdadeira intenção?
Te digo!: amor no coração.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

O funeral das aranhas




I

Editores de texto,
microsoft word,
open office 2.0,
linux ou windows!?
Que dilema!
Na verdade isto se torna uma discussão pequena,
descobre-se que não é este o problema,
Qual é o programa!?
Não interessa!
O mundo tem pressa,
não há tempo para ficar olhando pela janela,
preciso de solução!
A menos que seja eu o teorema por detrás da tela?
decifrando a equação,
numa mera tentativa de compreensão do LCD, não do LSD,
vi uma aranha!
não é fruto da alucinação,
só acredita quem vê!?

Percepção aracnídea,
possibilidades da imaginação,
observação e constatação.


Eu no entanto, não consigo estabelecer nenhum tipo de comunicação,
ou conexão,
estou sem internet, e com o celular mudo na mão!
não achei nem o ícone de inicialização.

Pois não é que matei a maldita aranha neste instante sem nem ver!
apenas com o pé no chão,
e um pouco de pressão,
que eleva o batimento do coração de vidro,
impregnado pelo veneno,
não do ácido lisérgico,
mas da aranha que me picou.
Morta ela já está!
Eu logo vou!

II

Segue a escrita do sonhador,
como a fotografia,
captando todas impressões,
umas de tristeza, outras de alegria,
uma entre milhões,
apenas uma dor.

Matei uma aranha escondida nas meias,
outra no meio do processo,
em todo lugar elas fazem suas teias,
eu que fique com o resto.

Não se trata de paranóia,
os insetos estão tomando conta do meu lar,
ainda bem que não é uma jibóia,
nem mesmo um jaguar.

Amanhã irei detetizar a casa,
na vã tentativa de me livrar dos hóspedes indesejados,
veneno por veneno,
quero ver se não mato os desgraçados,
bichos pequenos e peçonhentos,
estou pagando meus pecados!

Prefiro aranhas do que as bocas das serpentes,
dessas que adoram falar de todo mundo,
cheias de maldade, completamente maldizentes,
de um rancor profundo.

Falem mal,
não lhes julgo,
sigo meu caminho,
sou um animal,
que anda sozinho,
não como refugo.
Escorpião!
instintivo e perigoso,
não queiram sentir o meu ferrão,
pois é demais doloroso.
Cuidado! Olhem onde pisam!E se conseguirem! Olhem para o próprio rabo!


III


A fumaça branca espantou,
densa e eficiente,
os que ficaram ela matou,
espero que não tenha sobrado nenhum resistente,
como eu,
que metamorfoseado pela ação do cigarro incandescente,
ainda não se entregou,
tragando o veneno lentamente,
observando o que sobrou,
mesmo que tolerante aos agentes nocivos parcialmente,
olhem o que meu vício causou!
vapor letal corrosivo hipnotizante,
malditos malefícios deixou,
lhes digo tristemente,
coitado de quem fumou!
vejam infelizmente,
onde estou!
Cercado de bichos mortos,
varro os pedaços pelo chão,
pernas e braços tortos,
asas espalhadas por cima do colchão,
raspas e restos.

Carcaças despedaçadas,
um tanto retorcidas,
outras simplesmente foram esquecidas,
a fim de não serem decifradas.