sexta-feira, abril 30, 2010


TUDO É VAIDADE

"Vaidade de vaidades! - diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade."

Eclesiastes 1:2


"Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.
E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?
Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão."

Mateus 7:1-5

sexta-feira, abril 16, 2010


"De que vale um poeta - um pobre louco
Que leva os dias a sonhar...?

Deixem-se de visões, queimem os versos."

Álvares de Azevedo



SONETO INÚTIL

Peguem meus versos e matem com a faca as vacas e as fadas,
sujem no sangue de todas belas as mortes,
deixem aos pedaços sozinhos sangrando de cortes,
sepultem e enterrem as artes, já estão podres, não servem para nada.
Joguem no lixo junto aos vermes da Terra acabada,
cacem minha alma e espírito em covardes esportes,
juntem com a cinza e o pó da velha má-sorte,
espanquem os poetas das perdidas altas escadas.
Aplausos e alardes à arte são sempre fingidos,
e todo artista que se acha muito útil
já vê o seu rosto nas ruas cuspido.
O homo sapiens só louva o idiota, o que é fútil,
o estúpido e a merda. Tudo está perdido!
Tudo está morto! Ó minha arte que é inútil!

quinta-feira, abril 15, 2010


PORTINARI

Os mestres universais do desenho sempre veneraram o impulso do primeiro traço caracterizado pela sutil sensualidade do gesto que leva o desenhista a se exprimir velozmente na exatidão da imagem instantânea. Esta imagem, comparada com a opulência cromática de um quadro, resulta num despojamento total do espaço e da composição, em benefício do ímpeto originário do artista em seu primeiro gesto no espaço, escapando às limitações impostas pelo tema. Ultrapassado esse limite, o desenho representa, ao mesmo tempo, uma refinada elaboração mental e principalmente, a gramática do gesto orgânico.

Existem no mundo, e não é ao acaso, imponentes museus especializados nos mestres do desenho de todas as épocas, que coletaram durante séculos os croquis, os esboços e os estudos desses gênios atemporais, como forma de comprovação, para a posteridade, de como suas obras foram germinadas, concebidas.

Presentes em todos os períodos de sua vida de trabalho, os desenhos de Portinari representam um diário minuncioso de todas as soluções e evoluções imaginárias de sua obra. Inclusive naquele longo período em que esteve impedido de fazer uso das tintas, por questões de saúde. Durante esse período, como única opção diante de sua voracidade inventiva, seus desenhos adquiriram momentos de explosão total.

Eles eram seus guias espirituais no desenvolvimento de temas imediatos e futuros, anotações anímicas para soluções telúricas. Retratando os pés e as mãos da realidade árida, registra vidas, desespiritualizadas pela luta da vida, pela dura hora de suas destinações. Porém sua fé na alma do homem prevaleceu, em realidade, como seu axioma primeiro. O homem foi desde sempre a questão fundamental de Portinari.

A preocupação mais nítida de seu expressionismo manifestou-se o tempo todo dentro de seu veemente protesto social-humanista.





JUST LIKE HEAVEN - COMO UM SONHO


Show me, show me, show me how you do that trick"Me mostre, me mostre, me mostre como você faz esse truque."
"The one that makes me scream," she said "O único que me faz gritar..." - ela disse.
"The one that makes me laugh," she said "O único que me faz sorrir..." - ela disse.
And threw her arms around my neck E atirou os braços em volta do meu pescoço.
Show me how you do it Me mostre como você faz isso
And I promise you, I promise that E eu te prometo, eu te prometo que
I'll run away with you Eu fugirei com você.
I'll run away with you Eu fugirei com você...


Spinning on that dizzy edgeGirando até ficar tonto,
I kissed her face, I kissed her head Eu beijei seu rosto, beijei sua cabeça
And dreamed of all the different ways E sonhei com todas as maneiras diferentes
I had to make her glow Pra fazer você brilhar.
"Why are you so far away," she said "Por que você está tão longe?" - ela disse.
"Why won't you ever know "Por que você nunca soube
That I'm in love with you que eu estou apaixonada por você,
That I'm in love with you?" Que eu estou apaixonada por você?"


You... Soft and onlyVocê... Suave e única.
You... Lost and lonely Você... Perdida e sozinha.
You... Strange as angels Você... Estranha como os anjos.
Dancing in the deepest oceans Dançando nos mais profundos oceanos,
Twisting in the water Girando na água
You're just like a dream Você é como um sonho,
Just like I have a dream Assim como eu tenho sonhado.


Daylight whipped me into shapeA luz do dia me deixou em forma,
I must have been asleep for days Eu devo ter adormecido por dias.
And moving lips to breathe her name E movi meus lábios para respirar seu nome,
I open up my eyes Eu abri meus olhos
I find myself alone, alone, alone E me encontrei sozinho, sozinho, sozinho...
Above a raging sea Acima de um mar revolto
That stole the only girl I loved Que roubou a única garota que eu amei
And drowned her deep inside of me. E afogou-a dentro de mim.


You... Soft and onlyVocê... Suave e única.
You... Lost and lonely Você... Perdida e sozinha.
You... Just like heaven Você... É como o paraíso.



quarta-feira, abril 14, 2010


UARAL - "Lamentos A Poema Morto" - 2007

Somente escutando o álbum para tentar compreender e perceber a profundidade da sonoridade entristecida e depressiva que essa banda chilena consegue alcançar. Portanto, abstenho-me de qualquer outro comentário e somente lamento se alguém não puder conferir esta obra-prima.

1. Preludio A La Siembra 01:40
2. La Escritura y El Alarido 05:27
3. Lamentos... 10:47
4. Surrendered To The Decadence (Parte 2) 06:08
5. El Campesino 02:41
6. Eterno En Mí 07:12
7. Acidal (Tonada Para El Huerto En Re Menor) (Bonus track) 10:21

Duración: 44:16


UARAL - CD “Sounds of Pain” - 2005


Depois de alguns EPs e demos, lançam em 2005 um CD oficial intitulado de “Sounds of Pain”. Apesar do nome simples, nada, exatamente nada poderia traduzir melhor este disco. Com uma introdução de 3:34’ chamada "Lost", pode ter certeza, que até mesmo de olhos bem abertos em plena luz do dia, você se sentiria perdido. Apenas sons de chuva e sons estranhos misturados a gritos.

"Surrendered to the Decadence" - Dedilhados e arranjos de violão, logo seguidos de um ritmo calmo, palhetadas suaves e um som que hesito falar se é uma flauta, mas sinceramente, que arranjo! O som segue sem bateria e novamente volta para os dedilhados. Então começa a pura lamentação. Vocal médio grave e as vezes duetado. Outro item a destacar são os vocais guturais que aparecem em meio aos arranjos limpos. Duvido que alguém fique bem ouvindo esses 6:34’ de melancolia que termina com um grito desesperado.

"Eternal Beauty of the Trees" começa com um piano enigmático e nostálgico, para então entrarem guitarras, bateria cavalgando e vocais guturais junto a gritos rasgados na linha Hypocrisy. Algumas partes retas de influências do puro death metal até cair em um órgão... Todas as partes são de extremo bom gosto. Guitarras se misturam com solos de violão nylon e novamente aquele arranjo de flauta. Os timbres de vocais limpos nos faz lembrar de Poema Arcanus, outra grande pérola do metal chileno.

Chegamos à faixa título deste moribundo e sorumbático álbum, a partir daí temos a certeza de que este músico é erudito. É necessário destacar "Sounds of Pain" por seus 19:28’ de melodia folk. Vocais bem lamentados/cantados e então uma vinheta que nos remete a alguém que está a folhear um caderno e rabiscar em vão. Agora o drama segue por conta de um violão e um piano, com os vocais mais tristes ainda, então seguidos por vozes rasgadas intercaladas... Como não podia deixar de ser, um solo de guitarra belo e lúgubre. Voltemos aos violões com os vocais guturais, logo mais uma vinheta parecida com a primeira e então após um silêncio, um piano mais triste e sombrio que todos os anteriores nesta parte que precede a entrada de guitarras duetadas, bateria simples mas firme e urros sombrios. Esta excelente faixa termina com uma porrada pesada e vocalização ... Acreditem, são quase vinte minutos de desolação e desgraça.

Depois de fazer um anúncio, começa "Niche"... Com todos os elementos de seu estilo próprio e timbrado, violões e arranjos que lembram flautas, dedilhados e solos, tudo aqui mais uma vez com maestria, só que desta vez num ritmo bem chileno mesmo. Destaque para o final magnífico desta canção, pois se você pensou que não podia ouvir nada mais triste e longínquo do que já tinha ouvido até aqui, se enganou, pois é possível que lágrimas o surpreendam.

Teclado e piano abrem esta faixa que o título dispensa comentários, pois ela se chama "Depresion". Esta por sinal, nos faz lembrar de uma trilha sonora de filme ... Até entrar o conjunto de instrumentos que formam o mais tradicional doom metal. Canção quase instrumental, se não fosse os pequenos trechos guturais em seu final.

"La Vaga Esperanza de Ser" - Com uma voz daquelas típicas cantoras de rádio dos anos 70, essa introdução realmente tem a intenção de fazer voltar no passado. Em ótimos arranjos, com vocalizações que fazem um pequeno coral antes de começar uma lamentação em espanhol, que é cantada e quase chorada ao mesmo tempo ... Finalizando com gritos quase histéricos.

A última faixa leva o nome da banda, que acredito que deva ter um significado próximo a ‘Lamento’. Então "Uaral" é o capítulo final deste CD dramático. Aqui é encontrado de tudo que foi usado do início ao fim do álbum, violões nylon, vocais guturais e rasgados, teclado com timbre de órgão, interpretação teatral de alguém que está chorando ... Tudo executado com extremo bom gosto e agonia .. Sim, o final é agonizante, angustiante ... Os vocais e guitarras traduzem simplesmente isso para estes quase onze minutos de música.

Confesso que há muito tempo não ficava tão impressionado e entristecido (no bom sentido) ao ouvir uma banda como essa. A mistura de como eles mesmos se declaram, Folk e Doom, me fez viajar em esferas etéreas melancólicas longínquas, sombrias e desoladas. Sem exageros, pela originalidade, pelo profundo bom gosto e a delicadeza das composições, com a adição de toda a tristeza já encontrada, este álbum merece nota 10 !

Line-up:
Aciago: Todos os instrumentos
Caudal: Vocais

CD “Sounds of Pain” - 2005

01- Lost - 3:34’
02- Surrendered to the Decadence - 6:34’
03- Eternal Beauty of the Trees - 6:01’
04- Sounds of Pain - 19:28’
05- Niche - 9:30’
06- Depresion - 5:43’
07- La Vaga Esperanza de Ser - 5:28’
08- Uaral - 10:49’

terça-feira, abril 13, 2010



BEIJOS, BEIJOS E MAIS BEIJOS ...


Vivamos, meu amor,
e não demos nenhuma atenção
ao rosnar dos velhos.
O sol se põe e renasce;
Para nós, quando nosso breve sol
se puser, chegado estará o sono da noite eterna.
Dá-me mil beijos, depois mais cem,
e outros cem, e ainda cem, e depois
outros mil e mais um cento.
E quando estivermos em muitos milhares,
nós atrapalharemos a conta, de medo de
ficarmos sabendo, ou de que almas mesquinhas
nos invejem, conhecendo ao certo
a grande soma dos nossos beijos.


KISS ME KISS ME KISS ME

Matéria e corpo, se foram.
Silêncio! Resta apenas um sopro,
uma alma, apenas.
As palavras dos homens
não mais existem.
A linguagem das pupilas, só ela fica.
Não há mais os limites das paredes,
não há mais a terra sob os pés.
O Universo em um Beijo,
no Beijo, o mundo suspenso.

Silêncio! Silêncio! É o Beijo!
Ninguém o interrompa,
para que o mundo não se detenha,
nem se despedace o Universo!

segunda-feira, abril 12, 2010


Vou Por Aí

Baden Powell

Composição: Baden Powell/Aloysio de Oliveira

Vou por aí
Esquecendo que você passou
Me lembrando coisas que perdi
Sem saber sequer aonde estou
Por isso eu ando, paro
Sem saber sequer aonde vou

Vou por aí
Um caminho que não é o meu
Encontrando o que não quero ter
Procurando o que não vou achar
Por isso canto, choro
Sem saber se ainda sei chorar


Pedacinhos do Céu

Waldir Azevedo

Sei que me amas com grande fervor,
Há em teus lábios mil frases de amor.
Entretanto, eu preciso ouvir a voz da razão
Para saber se direi sim ou não.

És para mim um formoso troféu,
Vejo em ti pedacinhos do céu.
Porém preciso refletir mais um poquinho
Para não desiludir ao meu dolorido coração,
Que ainda sente a emoção
De uma ingratidão.

Afinal, com amor, com fervor e muito apreço,
Eu agradeço
A grandeza, a beleza e a riqueza do troféu.
Julgo-me feliz, pois sempre quis
E tudo fiz, para exaltar um grandioso amor
E incluir neste chorinho,
Entre beijos e carinhos,
Pedacinhos lá do céu.

És para mim um formoso troféu,
Vejo em ti pedacinhos do céu,
Porém preciso refletir mais um poquinho
Para não desiludir ao meu dorido coração,
Que ainda sente a emoção
De uma ingratidão.

Sei que me amas com grande fervor,
Há em teus lábios mil frazes de amor.
Entretanto, eu preciso houvir a voz da razão
Para saber se direi sim ou não.

És para mim um formoso troféu,
Vejo em ti pedacinhos do céu.
Porém preciso refletir mais um poquinho
Para não desiludir ao meu dolorido coração,
Que ainda sente a emoção
De uma ingratidão.

Afinal, com amor, com fervor e muito apreço,
Eu agradeço
A grandeza, a beleza e a riqueza do troféu.
Julgo-me feliz, pois sempre quis
E tudo fiz, para exaltar um grandioso amor
E incluir neste chorinho,
Entre beijos e carinhos,
Pedacinhos lá do céu.

És para mim um formoso troféu,
Vejo em ti pedacinhos do céu,
Porém preciso refletir mais um poquinho
Para não desiludir ao meu dorido coração,
Que ainda sente a emoção
De uma ingratidão.

Paz Interior

Geraldo Pereira

Manhã de sol que vem, tarde que cai
Noite que brilha e o vento que vem de lá
Diz “ não temeis a dor, pois passará
Se transformará no mais puro e sincero amor ”

Cada canção que vem de cada luar
Só vem pra mostrar que cada momento tem o seu valor
Desde um pôr-de-sol à um simples olhar
Seja o que for vem pra trazer paz interior

Se eu não puder mais sentir o perfume da flor
Ou se eu não puder te seguir, seja onde for
Saiba que não vou chorar
Pois eu ainda poderei, poderei cantar
Para encontrar minha paz


Lamento

Assis Valente

Ai, só você não vê,
Na minha vida, falta você.

Nos meus olhos
Esta faltando a luz do seu olhar,
No meu peito está morando,
Uma saudade em teu lugar.

Escuta meu lamento,
Sob a forma de canção,
Lamento sim,
E é de coração !


A Razão Dá-se a Quem têm

Ismael Silva

Composição: Ismael Silva, Noel Rosa e Francisco Alves (1932)

Se meu amor me deixar
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem

Sei que não posso suportar
(Se meu amor me deixar)
Se de saudades eu chorar
(Eu não posso me queixar)
Abandonado sem vintém
(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)
Quem muito riu chora também
(A razão dá-se a quem tem)

Se meu amor me deixar
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem

Eu vou chorar só em lembrar
(Se meu amor me deixar)
Dei sempre golpe de azar
(Eu não posso me queixar)
Pra parecer que vivo bem
(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)
A esconder que amo alguém
(A razão dá-se a quem tem)

Se meu amor me deixar
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem


Noites Cariocas

Jacob do Bandolim

Composição: Hermínio Bello de Carvalho

Sei que ao meu coração só lhe resta escolher
Os caminhos que a dor sutilmente traçou
Para lhe aprisionar
Nem lhe cabe sonhar com o que definhou
Vou me repreender pra não mais me envolver
Nessas tramas de amor
Eu bem sei que nós dois somos bem desiguais
Para que martelar, insistir, reprisar
Tanto faz, tanto fez
Eu por mim desisti, me cansei de fugir
Eu por mim decretei que fali, e daí?
Eu jurei para mim não botar nunca mais
Minhas mãos pelos pés

Mas que tanta mentira eu ando pregando
Supondo talvez me enganar
Mas que tanta crueza
Se em mim a certeza é maior do que tudo o que há
Todas as vezes que eu sonho
É você que me rouba a justeza do sono
É você quem invade bem sonso e covarde
As noites que eu tento dormir meio em paz

Sei que mais cedo ou mais tarde
Vou ter que expulsar todo o mal
Que você me rogou
Custe o que me custar
Vou desanuviar toda a dor que você me causou
Eu vou me redimir e existir, mas sem ter que ouvir
As mentiras mais loucas
Que alguém já pregou nesse mundo pra mim

Sei que mais cedo ou mais tarde
Vai ter um covarde pedindo perdão
Mas sei também que o meu coração
Não vai querer se curvar só de humilhação


Tirar da Solidão

Chiquinha Gonzaga

Quero o teu amor para alegrar meu coração
Acabar com essa tristeza e me tirar da solidão
Dizem que saudade mata
Eu não sei se é verdade mais se for vou me acabar

Eu quero o teu amor de qualquer jeito
Pra sentir dentro do peito o sabor do teu calor
Vamos esquecer o que passou em nossas vidas
Meu desejo que eu desejo é começar tudo de novo


Meu Erro

Sylvio Caldas

Composição: Silvio Caldas/orestes Barbosa

Fiz mal, confesso o meu erro
Chorando no meu desterro
A alma não sabe o que quer

E a dor é que me suplanta
A voz de amor na garganta
Por causa desta mulher

Eu tento dizer no canto
A mágoa que fulge tanto
Que a minha vida mudou

E a frase mais linda e louca
Cortada fica na boca
Porque o soluço cortou

Tu tens no peito um castigo
Que eu tão triste imagino
As noites do teu fulgor

No meio das luzes loucas
Servindo de boca em boca
O vinho do teu amor

E ao ver a tua alegria
No câmbio da hipocrisia
Mercadejando ilusão

Fico a pensar no que disse
Fico a pensar na tolice
Da gente ter coração


Nem Vem Que Não Tem

Jackson do Pandeiro

Num sei quem foi que disse que num sei aonde
Viu você com num sei quem fazendo num sei o que
E agora você vem chegando num sei de onde
Cheia de num sei o que, contando o que lhe convém
Dizendo que nem conhece esse tal de num sei quem

Nem vem, nem vem que não tem
Pois eu não sou saco de carga
Pras mentiras de ninguém

Vou me mandar, vou deixar você de lado
Mas você tenha cuidado
Para não cair num poço
Vou me arranjar que eu não sou boi de carro
Pra você montar a gang e se escanchar no meu pescoço

Nem vem, nem que não tem
Pois eu não sou saco de carga
Pras mentiras de ninguém


Pensando Em Ti

Herivelto Martins

Composição: Herivelto Martins/David Nasser

Eu amanheço pensando em ti
Eu anoiteço pensando em ti
Eu não te esqueço
É dia e noite pensando em ti
Eu vejo a vida pela luz dos olhos teus
Me deixa ao menos, por favor, pensar em Deus

Nos cigarros que eu fumo
Te vejo nas espirais
Nos livros que eu tento ler
Em cada frase tu estás
Nas orações que eu faço
Eu encontro os olhos teus
Me deixa ao menos, por favor, pensar em Deus


Cochichando

Braguinha

Murmurando
Cochichando
Vive sempre
A falar mal
De mim

Sem querer
Perceber
Que afinal
Eu não
Eu não sou
Mal assim

Murmurando
Cochichando
Quem te ouvir
De pensar é capaz
Que o nosso amor
Já não tem calor
E que não somos
Felizes demais

Eu sou teu
E tu eis só minha
Quem nos conhecer
Inveja sentirá
De nosso amor

Porém
Sempre a brigar
E a duvidar
De um bem querer
Transformar
Sempre em aflição
O que só deve
Ser prazer

Por que será
Que eis
Tão má assim
Se o nosso amor
Não pode ter fim

Eu acho bom deixar
Este cochicho
Pois sei
Que é capricho
E que gosta
Só de mim


Eu Sei Sofrer

Aracy de Almeida

Composição: Noel Rosa (1937)

Quem é que já sofreu mais do que eu?
Quem é que já me viu chorar?
Sofrer foi o prazer que Deus me deu
Eu sei sofrer sem reclamar
Quem sofreu mais que eu não nasceu
Com certeza Deus já me esqueceu

Mesmo assim não cansei de viver
E na dor eu encontro prazer
Saber sofrer é uma arte
E pondo a modéstia de parte
Eu posso dizer que sei sofrer

Quanta gente que nunca sofreu
Sem sentir, muitos prantos verteu
Já fui amada, enganada
Senti quando fui desprezada
Ninguém padeceu mais do que eu



A Flor e o Espinho


NELSON CAVAQUINHO


Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu so errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
E no espelho que eu vejo a minha magoa
E minha dor e os meus olhos rasos d'agua
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor

Eu só errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Que eu quero passar com a minha dor

Ai Amor

Luíz Gonzaga

Composição: (Zé Dantas e Luiz Gonzaga)

Ai amor, és cruel
Mas teus lábios de mel
Dão prazer que compensa
Essa ingratidão, essa dor

Ai amor, eu pequei
Se juntou a teu viço
Pra completar teu sabor

O meu coração
A ti ficou preso
Eu só tenho medo
Que me dês o desprezo
Por isso, eu te peço
Um grande favor
Quero que tu me odeies
Mas não me esqueças meu amor


Amar

ARY BARROSO

Em teu olhar tão meigo
Em teu sorriso sedutor
Em teu porte sereno
Em teu jeitinho encantador
Eu resumi, querida
Toda felicidade
O bem da minha vida
Eis a pura verdade
Agora só espero
Merecer o teu amor
Porque teu coração
Do meu já é real senhor
E juntos pelo mundo
Havemos de viver
Sem nada que perturbe
Nosso amor, podes crer.

Amar é transformar as penas em sorriso!...
Amar é transformar o inferno em paraíso!...
O amor embala a vida quando é puro,
O amor conduz à morte se é perjuro!...
Eu quero ser feliz - serei um dia!
Eu quero ser amado - serei um dia!...
Porém, amado com toda sinceridade...
Mentira de amor, não é amor, é falsidade!...

Estranho Amor

Dolores Duran

Composição: David Nasser / Garoto

Estranho amor,
Regressaste e eu te aceito,
E novamente o silêncio,
Entre nós, foi desfeito,
Vinhas buscar nos meus lábios, os beijos de outrora,
Estranho amor vingativo,
Que me consome e devora.

Estranho amor,
Regressaste e eu te aceito,
Pois minhas noites são longas,
Os meus dias são vazios,
Perto de ti sofro muito,
Longe de ti, sofro mais,
Somos iguais,
Vivemos do ódio do amor,
Estranho amor.

Estranho amor,
Regressaste e eu te aceito,
Pois minhas noites são longas,
Os meus dias são vazios,
Perto de ti sofro muito,
Longe de ti, sofro mais,
Somos iguais,
Vivemos do ódio do amor,
Estranho amor.


Errei Erramos

Ataulfo Alves

Composição: Ataulfo Alves/arthur Vargas Jr.

Eu na verdade indiretamente
Sou culpado da tua infelicidade
Mas se eu for condenado
A tua consciência será meu advogado

Mas evidentemente
eu devia ser encarcerado
Nas grades do teu coração
Porque se sou um criminoso
És também nota bem
Que estás na mesma infração
Venho ao tribunal da minha consciência
Como réu confesso pedir clemência
O meu erro é bem humano
É um crime que não evitamos
Esse princípio alguém jamais destrói
Errei, erramos


Vou Vivendo

Pixinguinha

Meu coração foi de bar em bar,
Se perdeu nunca mais se achou
Foi vivendo assim
Sem ter ningúem para dizer um boa noite

E na penúltima nem tomou
Nem deu conta quando um garçom
Ò cobriu com uma noite de estrela para ele dormir.

E... pelos bares por onde andei
Quantos copos eu já quebrei
Ao brindar muita paz e a Deus rogar aos amigos saúde.
Quando se foram sem um adeus
Se grudando nos versos meus
Como cacos de vidros espalhados
No meu coração.

Sonhou que era um chorinho
Tocado carinhoso
Pediu então um chopinho
Bem caprichado na pressão
E veio geladinho
Espuma no colarinho
Ah seu garçom vai com jeitinho
Pede outro chorinho sem sair do tom.

Meu coração vai vivendo assim
Mendigando de bar em bar
Uma esmola qualquer
De uma palavra de um jeito carinhoso.

Velhos amigos quero rever
Vendo à noite se transformar
Numa rede que vai entre nuvens me adormecer

Em cada bar
Que eu passei
Eu lavrei a escrição
Trouxe aqui
Este meu coração
Para nele sua mágoa afogar

Bar doce lar
Que aos boêmios a vida abrigou
Lua cheia ou minguante ou num quarto de lua
Há um lugar para essa dor.

Mais feito um bar o amor
É fiel ao amor
Ao seu modo ele quer procurar
Outros braços pra neles dormir

Sabe que a vida tapete de estrelas já vai
Estendendo pelo ar esse novo endereço
É ali por aí.

Em cada bar fez um novo amor
E os larguei quando Deus mandou
Vou vivendo assim
Porque o destino me fez um vadio.

Novo endereço ele vai traçar
E virei para te avisar
Quando à noite uma toalha de estrela
Me ter para cobrir.


Aí, Hein!

Lamartine Babo

Composição: Lamartine Babo e Paulo Valença

Aí... hein?
Pensas que eu não sei?
Toma cuidado pois um dia
eu fiz o mesmo e me estrepei
Aí... hein?

Pensas que eu não sei?
sou camarada
Faz de conta que eu não sei

Menina, que chega em casa
ás quatro da madrugada
E quanto mais a escada vai subindo
na boca do vizinho vai caindo

Velhota dos seus sessenta
na praia toda inocente
Brincando com as crianças lá na areia
vai pondo areia nos olhos da gente

quarta-feira, abril 07, 2010


CATCH FIRE

Sou fogo que arde e queima por fora e por dentro
Chama eterna que dança
Como o movimento do vento
Como uma viva lembrança.

Amarelo, azul e vermelho
Cores e matizes da salamandra e do diabo
Quente e devastador feito lava
Nem enterrando ou com água se apaga.


Calor que derrete até mesmo os ossos
Amolece os teus miolos
Cozinha os ovos
E chamusca os pelos.

Ferve teu sangue?
Não me engane!

Labareda e brasa
Vou tocando fogo na madrugada
Queimo tudo que está por perto
Não adianta procurar oásis neste deserto.

Em contato comigo até a água evapora
Está com medo? Então vá embora!
Isso mesmo! É assim! Na cara!
Segue reto, não olha para trás e não para!
Assim não! Até fico triste quando alguém chora.

Da minha mão sai luz
Da luz eu atraio o raio
Muitos tentaram, mas não conseguiram me pregar na cruz
Tentaram e erraram, pois raramente caio
Se caio, levanto, e ninguém entende a linguagem da minha alma ou ao menos a traduz.

Não sou o tocha humana do quarteto fantástico
Mas transformo carvão em diamante
Também não sou ilusionista, alquimista e tampouco mágico
Dizem alguns que é apenas o poder da mente.

Você duvida?
Então sente-se, cala-te e vê se aprende! Ou suma da minha vida!

Só não esquece! Quem brinca com fogo se queima, ou no mínimo faz xixi na cama.


Só Os Loucos Sabem

Charlie Brown Jr.

Agora eu sei exatamente o que fazer
Bom recomeçar poder contar com você
Pois eu me lembro de tudo irmão, eu estava lá também
Um homem quando está em paz não quer guerra com ninguém
Eu segurei minhas lágrimas, pois não queria demonstrar a emoção
Já que estava ali só pra observar e aprender um pouco mais sobre a percepção
Eles dizem que é impossível encontrar o amor sem perder a razão
Mas pra quem tem pensamento forte o impossível é só questão de opinião

E disso os loucos sabem
Só os loucos sabem
Disso os loucos sabem
Só os loucos sabem

Toda positividade eu desejo a você
pois precisamos disso nos dias de luta
O medo segue os nossos sonhos
O medo segue os nossos sonhos
Menina linda eu quero morar na sua rua

Você deixou saudade
Você deixou saudade
Quero te ver outra vez
Quero te ver outra vez
Você deixou saudade

Agora eu sei exatamente o que fazer
Bom recomeçar poder contar com você
Pois eu me lembro de tudo irmão, eu estava lá também
Um homem quando esta em paz não quer guerra com ninguém


O LOUCO


Gibran Khalil Gibran


Perguntais-me como me tornei louco.

Aconteceu assim:

um dia, muito tempo antes

de muitos deuses terem nascido,

despertei de um sono profundo e notei que todas

as minhas máscaras tinham sido roubadas

- as sete máscaras que eu havia confeccionado

e usado em sete vidas -e corri sem máscara pelas

ruas cheias de gente, gritando:

"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram

para casa, com medo de mim E quando cheguei à praça

do mercado, um garoto trepado no telhado de uma

casa gritou: "É um louco!".

Olhei para cima, pra vê-lo.

O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e

minha alma inflamou-se de amor pelo sol,

e não desejei mais minhas máscaras. E, como num

transe, gritei:

"Benditos, bendito os ladrões

que roubaram minhas máscaras!"

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura:

e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual

que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.


"A loucura é um crisântemo. Cresce de noite"

(Carlos Nejar)

segunda-feira, abril 05, 2010



“Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo”

2 Pedro 2:4,9


“e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia”

Judas 6

quinta-feira, abril 01, 2010



"Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e é o pai da mentira ."

João - 8:44


DDI (Discagem Direta Interestelar)


Raul Seixas


Alô, aqui é do céu
Quem tá na linha é Deus
Tô vendo tudo esquisito
O que que há com vocês??
Por favor, não deixem a peteca cair
Que o diabo diz que vai baixar de uma vez por aí
Eu fiz vocês como eu
Imagem e perfeição
E vocês anarquizando
A minha reputação
Não é só novena, terço e oração
Em vez de resmungar eu quero é ver
Vocês em ação
Vocês em ação!
Foram milhões de anos dedicado a vocês
Fazendo vossas cabeças, não fui eu quem marquei
O que que vocês querem exigir mais de mim
Se tudo o que eu faço vocês acham ruim
Agora vou desligar, o telefone tá caro
Já falei demais, ‘brigado pela atenção
Mas se alguém ligar dizendo ser eu
Pode ser um trote do diabo
Que já desceu
Que já desceu!
Foram milhões de anos dedicado a vocês
Fazendo vossas cabeças, não fui eu quem marquei
O que que vocês querem exigir mais de mim
Se tudo o que eu faço vocês acham ruim
Agora vou desligar, o telefone tá caro
Já falei demais, brigado pela atenção
Mas se alguém ligar dizendo ser eu
Pode ser um trote do diabo
Que já desceu
Que já desceu
Que já desceu
"Eu já estou aqui!!!"


A implosão da mentira



Fragmento 1


Mentiram-me.Mentiram-me ontem

e hoje mentem novamente. Mentem

de corpo e alma, completamente.

E mentem de maneira tão pungente

que acho que mentem sinceramente.


Mentem, sobretudo, impune/mente.

Não mentem tristes. Alegremente

mentem. Mentem tão nacional/mente

que acham que mentindo história afora

vão enganar a morte eterna/mente.


Mentem.Mentem e calam. Mas suas frases

falam. E desfilam de tal modo nuas

que mesmo um cego pode ver

a verdade em trapos pelas ruas.


Sei que a verdade é difícil

e para alguns é cara e escura.

Mas não se chega à verdade

pela mentira, nem à democracia

pela ditadura.


Fragmento 2


Evidente/mente a crer

nos que me mentem

uma flor nasceu em Hiroshima

e em Auschwitz havia um circo

permanente.


Mentem. Mentem caricatural-

mente.

Mentem como a careca

mente ao pente,

mentem como a dentadura

mente ao dente,

mentem como a carroça

à besta em frente,

mentem como a doença

ao doente,

mentem clara/mente

como o espelho transparente.

Mentem deslavadamente,

como nenhuma lavadeira mente

ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem

com a cara limpa e nas mãos

o sangue quente. Mentem

ardente/mente como um doente

em seus instantes de febre.Mentem

fabulosa/mente como o caçador que quer passar

gato por lebre.E nessa trilha de mentiras

a caça é que caça o caçador

com a armadilha.

E assim cada qual

mente industrial?mente,

mente partidária?mente,

mente incivil?mente,

mente tropical?mente,

mente incontinente?mente,

mente hereditária?mente,

mente, mente, mente.

E de tanto mentir tão brava/mente

constroem um país

de mentira

—diária/mente.


Fragmento 3


Mentem no passado. E no presente

passam a mentira a limpo. E no futuro

mentem novamente.

Mentem fazendo o sol girar

em torno à terra medieval/mente.

Por isto, desta vez, não é Galileu

quem mente.

mas o tribunal que o julga

herege/mente.

Mentem como se Colombo partindo

do Ocidente para o Oriente

pudesse descobrir de mentira

um continente.


Mentem desde Cabral, em calmaria,

viajando pelo avesso, iludindo a corrente

em curso, transformando a história do país

num acidente de percurso.


Fragmento 4


Tanta mentira assim industriada

me faz partir para o deserto

penitente/mente, ou me exilar

com Mozart musical/mente em harpas

e oboés, como um solista vegetal

que absorve a vida indiferente.


Penso nos animais que nunca mentem.

mesmo se têm um caçador à sua frente.

Penso nos pássaros

cuja verdade do canto nos toca

matinalmente.

Penso nas flores

cuja verdade das cores escorre no mel

silvestremente.


Penso no sol que morre diariamente

jorrando luz, embora

tenha a noite pela frente.


Fragmento 5


Página branca onde escrevo. Único espaço

de verdade que me resta. Onde transcrevo

o arroubo, a esperança, e onde tarde

ou cedo deposito meu espanto e medo.

Para tanta mentira só mesmo um poema

explosivo-conotativo

onde o advérbio e o adjetivo não mentem

ao substantivo

e a rima rebenta a frase

numa explosão da verdade.


E a mentira repulsiva

se não explode pra fora

pra dentro explode

implosiva.