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quarta-feira, dezembro 16, 2009
terça-feira, dezembro 15, 2009
APRISIONADO OU NÃO!?
Qual é a dor aprisionada neste corpo?
Solene sorriso se reflete em refrões...
Em tríplices imagens contidas
luas que se esgueiram cativas.
Qual é a verdade aprisionada neste laço?
Que não se desfaz, que não se desintegra?
Que a areia não cobre, que a onda não leva?
Vermes recusam a digestão.
Qual é o presente preso neste passado?
Que se faz de inocente, quase sem pecado.
Que se pronuncia veemente, inerte, macabro.
Vampiro diurno de sangue manchado.
Qual é a vantagem presa nesta opressão?
Opressivo momento que não vai embora
Lascivo, descrente, preciso, escória
permanente, resoluto na mesma história.
Sacode este tempo, desfaz este chão.
Liberta este vento, depreda o grilhão.
Não existe caminho que una o separado.
Colore a retina. Destrava teus passos.
E vai...
segunda-feira, dezembro 14, 2009
Morte
Silenciosa madona da tristeza,
A morte abriu-me as catedrais radiosas,
Onde pairam as formas vaporosas
Do país ignorado da Beleza.
Num dilúvio de lírios e de rosas,
Filhos da luz de uma outra Natureza,
Que entornavam no espaço a sutileza
Dos incensos das naves harmoniosas!
Monja de olhar piedoso, calmo e austero,
Que traz à Terra um tênue reverbero
Da mansão das estrelas erradias...
Irmã da paz e da serenidade,
Que abriu meus olhos na Imortalidade,
À esperança de todos os meus dias!
Semeadura
“Mas, tendo sido semeado, cresce.”
– JESUS. (MARCOS, 4:32.)
É razoável que todos os homens procurem compreender a substância dos atos
que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos
regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é
imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo
das circunstâncias, porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.
O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evolutivo
na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.
Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas
recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionou-os à chamada
“morte no pecado”. Atravessam os dias, resgatando débitos escabrosos e
caindo de novo pela renovação da sementeira indesejável. A existência deles constitui
largo círculo vicioso, porque o mal os enraíza ao solo ardente e árido das paixões
ingratas.
Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema, representando a
chave única suscetível de abrir as portas sagradas do Infinito à alma ansiosa.
Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal,
tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que
regem a vida.
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005,
cap. 35, p. 85-86.
Viagem à Luz
PAULO NUNES BATISTA
Recolhe, humildemente, a mão mendiga,
sem óbolo, sequer, da caridade.
O que semeaste pela eternidade,
para teres, agora, a mão amiga?
Despe, teu ser, dessa Amargura antiga
e veste-o de Ternura e de Bondade.
As auras puras da Fraternidade
tornam feliz toda a alma que as abriga.
Toda colheita teve semeadura:
amargo, é sempre fruto de Amargura,
o terno é, da Ternura, resultado...
Nessa Viagem à Luz, que ora empreendo,
embora não me entenda, asas estendo
e vôo para a Luz, iluminado.
Enquanto
Enquanto há céu azul para teus olhos,
Deixa que a luz de Deus te ajude e guarde
E reflete-lhe as bênçãos para a vida,
Antes que seja tarde.
Enquanto o pensamento claro e belo
Em teu cérebro puro vibra e arde,
Cultiva a idéia nobre e redentora,
Antes que seja tarde.
Enquanto moves tuas mãos robustas,
Estende o bem, servindo sem alarde.
E ampara a todos, generosamente,
Antes que seja tarde.
Enquanto a boca lúcida te exprime,
Foge à treva maligna e covarde
E esquece o verbo deturpado e louco,
Antes que seja tarde.
Embora a dor e o pranto, não permitas
Que a tua fé sublime se abastarde...
Abraça a luta e segue para a frente,
Antes que seja tarde.
Não olvides que o túmulo te espera
Sem que a pompa terrena te resguarde.
E busca em Cristo a Vida Soberana,
Antes que seja tarde.
João Coutinho
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Poetas Redivivos, cap. 96,
3. ed. FEB, p. 135-136.
FAZER AMOR
fazer amor requer arte inconsciente
fazer amor transcende o feio e o bonito
fazer amor requer a alma despida
fazer amor transcende a sexualidade
fazer amor é ignorar todos os conceitos formais da humanidade
e se entregar como quem se doa a si mesmo
fazer amor não tem vínculo algum
com o lado físico dos seres
fazer amor é uma divindade.
divindade que advém do mais nobre dom da vida : a própria vida.
fazer amor é enlouquecer a anatomia.
não importa a forma.
o que importa é não importar com coisa nenhuma.
fazer amor é fazer de inconcebíveis palavrões um lindo poema.
fazer amor é fazer do corpo um banquete de sonhos
e fazer da alma o berço do gozo...
HAPPY END - VADE MECUM (VemComigo!)
domingo, dezembro 13, 2009
Círculo vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:
"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume"!
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...Por que não nasci eu um simples vagalume?"...