MARCIA TIBURI: Prótese da
fé
Para pensar a fé no capitalismo
A racionalidade ocidental nunca foi ingênua. Seu
projeto estabeleceu-se na história como projeto de poder. A participação da
filosofia se deu no estabelecimento do princípio de identidade que, desde
Aristóteles, funciona como núcleo de toda lógica, toda ética e toda política. O
princípio de identidade que reduz o Outro ao eu, o diferente ao mesmo,
forjou-se também em contato íntimo com a teologia judaico-cristã – com a
ideologia de um Deus único, fruto de um pensamento único e absoluto –
comprometida até o fim com a negação do Outro, inclusive a negação de Cristo
que, em si mesmo, afirmava o Outro. Esse compromisso se deu em função de seu
casamento com o poder e sua versão econômica, reducionista e fria que é o
capital, o absoluto que tudo submete e subjuga.
EDIÇÃO 213 DA REVISTA CULT.
http://revistacult.uol.com.br/home/2016/06/protese-da-fe/