Quando um homem renuncia aos desejos dos sentidos engendrados pela mente, obtendo contentamento unicamente no Eu, diz-se então que alcançou a consciência divina.
Quem está sempre tranquilo apesar das três misérias; quem não se deixa exaltar quando há felicidade; quem está livre do apego; quem não tem ódio nem medo; merece o nome de Sábio.
Neste mundo transitório, quem não se deixa afetar pelo bem ou pelo mal que poderão sobrevir, sem louvá-lo ou maldizê-lo, já se encontra situado na consciência divina.
A alma corporificada consegue renunciar aos prazeres dos sentidos muito embora ela não perca o sentido do prazer. Porque, depois de provar o gozo transcendental, ela fixa a consciência.
Os sentidos são tão fortes que conseguem arrastar mesmo a mente do homem sóbrio que se esforça por domá-los.
Ao contemplar os objetos a eles nos apegamos, do apego vem a luxúria, e da luxúria a ira.
Da ira vem a ilusão, a ilusão turba a memória. A memória confundida desbarata a inteligência, e quando esta se destrói, cai-se de novo no poço.
Sem consciência divina a mente não se controla nem se fixa a inteligência, sem o quê, não existe a paz. E onde não existe paz, pode haver felicidade?
O que é noite para todos é tempo de despertar para os autocontrolados. E o que é manhã para todos, para o pensativo é noite.
Quem não se deixa agitar pelo fluir dos desejos que entram qual rios no mar, que no entanto fica estável, é o único que tem paz; não aceite aquele que se esforça por saciar seus desejos.
A pessoa que abandona o sentimento de posse e os desejos dos sentidos, desprovida de egoísmo, alcança a paz verdadeira.
Bhagavad-Gita