sexta-feira, maio 14, 2010


Pirkei Avot

(um tratado composto de algumas máximas éticas dos rabinos)

Rabi Hanina ben Dossa costumava dizer: “Quando os nossos feitos excedem o nosso saber, o saber é real; mas, quando o saber é maior do que os nossos feitos, o saber é fútil”.

Ben Zoma dizia: “Quem é sábio? O que pode aprender de todos os homens”.

Rabi Iehudá dizia: “Muda-te para onde houver saber, pois não podes esperar que o saber te procure”.

Rabi Iossef bar Iehudá de kfar hababli dizia: “O que aprende com o inexperiente a que é comparável? A quem come uvas verdes e toma vinho recém-saído do lagar. Mas o que aprende com o experiente? É comparável ao que come uvas maduras e bebe vinho novo”.
“Há quatro tipos entre os que se sentam perante mestres: esponja, funil, filtro e peneira. Esponja é aquele que absorve tudo; funil, o que recebe de um lado e deixa escapar de outro; filtro, o que deixa sair o vinho e retém a borra; peneira, o que deixa sair o farelo e retém a farinha”.
“Há quatro espécies de discípulos: O que aprende facilmente, mas esquece depressa. Nele o dom é anulado pelo defeito. Vagaroso em aprender, mas também lento em esquecer. Neste, o defeito é anulado pelo dom. Pronto a aprender, vagaroso em esquecer. Este tem uma sorte feliz. Lento em aprender e pronto a esquecer. A condição deste é má”.

“A Torá é superior ao sacerdócio e à realeza, pois a realeza requer 30 qualidades e o sacerdócio 24, mas a Torá requer 48. [Entre elas]:
estudo
ouvido atento,
repetição oral,
inteligência do coração (...)
convívio com sábios,
aproximação dos companheiros,
debate com os discípulos,
bom senso,
conhecimento da Escritura,
conhecimento da tradição (...)
paciência,
bom coração,
confiança nos sábios,
resignação,
conhecer o seu lugar,
contentar-se com a sua porção,
medir suas palavras,
não exigir créditos para si,
amar o Senhor,
amar o seu próximo,
amar a retidão,
prezar as críticas,
afastar-se das honrarias,
não inflar o coração por causa do conhecimento,
não se deleitar em dar ordens,
ajudar o próximo a carregar o seu jugo,
julgá-lo com indulgência,
pô-lo no caminho da paz,
estudar com método,
perguntar conforme o assunto e responder conforme a regra,
aumentar o conhecimento,
aprender para ensinar,
aprender para praticar,
estimular a sabedoria do mestre,
raciocinar sobre o que ouvir e dizer coisas em nome de quem as disse. Sabe-se que todo aquele que diz uma coisa, citando o nome de quem a disse, traz a redenção ao mundo, pois foi dito: “E disse Ester ao rei em nome de Mordechai” Livro de Ester, 2:22”.
“Quem aprende de seu companheiro um capítulo, ou um parágrafo, ou um versículo, ou uma palavra, ou mesmo uma única letra, tem a obrigação de tratá-lo com honra...”
“... muito aprendi dos meus mestres, e de meus companheiros mais que deles, e de meus alunos mais do que de todos”.

Nota:
Trecho teórico retirado e resumido do livro “Interseções”, 1999.

* Jane Bichmacher de Glasman é escritora, doutora em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela USP, professora adjunta, fundadora e ex-diretora do Programa de Estudos Judaicos da UERJ.