terça-feira, setembro 13, 2011

(Cemitério dos Prazeres - Lisboa - Agosto de 2011)


UP

Um pouco mais de sol e calor — eu era brasa.
Um pouco mais de
blue — eu era além.
Para atingir o céu faltou-me mais uma asa...
Se pelo menos eu permanecesse aquém...

Terror ou paz ? Em vão... Se foi ... Tudo esvaído
Num mar enganador de espuma;
E o grande sonho surgindo da bruma,
O grande voo quase vivido...

Quase o amor, quase a vitória e a chama,
Quase o princípio, o meio e o fim — quase a suprema expansão...quase a explosão..
BIG BANG... Mas na minha alma tudo se inflama... se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo falhou...
— Ai que dor de ser-quase no mundo, dor sem fim... —
Eu falhei entre os mais, falhei em mim,
Asa que se projetou mas não voou...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo conquistei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Do beijo que dei mas não senti...

Do amor que tive mas perdi...

Espanto.... Espanto...

XIII

Eu não sou Eu e nem sou o Outro,

Nem Zero, nem Um.
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de Mim para o Outro.
Sou Tudo e Nenhum.

FIM

Quando eu morrer quero festa,
Rompam os limites da chatice e da caretice —
Não quero presente gente besta,
Chamem dançarinas, palhaços e acrobatas, chega de mesmice.

Que meu caixão vá ao ritmo da música alegre e ora lúgubre,
Conduzido por belas donzelas vestidas de preto e por minha musa.
A um morto nada se recusa,
Eu quero ser cremado e que seja observado o devido ritual fúnebre.