URBANOSOFIA
A cidade frita,
Em cada uma das suas esquinas,
Entre os seus sinuosos escuros rios,
Asfalto fervente e brita.
Amplia-se pelos becos,
De caminhos estreitos,
E grandes buracos,
Feito trepadeira,
Em avenidas tentáculos,
Por terrenos baldios,
Infestados de baratas e ratos,
Pelas multidões delirantes.
Na sincity são comuns as pragas,
Algumas mutantes,
Políticos e contribuintes,
Salvam-se os museus, as bibliotecas,
as flores e os muros grafitados com a arte que resta,
O resto da necessidade pictórica,
Num arremedo que retrata a vida
caricata psicótica
E o roto urbano calafrio.
O som do silêncio!
Aos olhos cegos e frios,
Em febre convulsa,
Tremendo na base,
A urbe geme!
Mas as paredes são surdas...
Espaço-ambiente em perplexidade,
Grito e buzinas,
Noise,
Mundo hipertélico (sem finalidade
para ótica midiática),
A expansão demográfica geográfica
alucina,
Arquitetura gelatina,
Diante de tanto concreto,
Diante de tanto cinza,
Preto e branco,
Vela derretida,
Fotografia apagada,
Filme velado,
Diante de um prisma com tantas luzes
brilhantes,
Num reflexo de modernidade,
Desconexo cintilante,
Que forma a paisagem de sentimentos.
A cidade é aonde você corre mais para
poder ficar no mesmo lugar.
Habitamos numa floresta de símbolos,
Sem árvores,
Um cemitério de sensações e memórias
vazias...
Você cidade,
É ainda crua,
Um pálido devaneio,
Parecendo desenho sem claridade,
Do murcho seio,
Ou talvez uma vidraça suja e embaçada,
Imersa na perversa e intrincada
urbanosofia...
Trincada pelo
Stress sistemático,
Que desafia
O complexo,
O caótico viver da guerrilha urbana,
Numa luta contra grades, paredes,
muros e pedras,
Onde talvez,
De maneira eficaz,
Somente a poesia,
Seja capaz,
Numa noite de chuva fria,
De atravessá-las...
Em busca de um universo perdido,
O mundo paralelo das nossas
satisfações.
Você praça,
Acho graça!
Clowncity palhaça.
Você prédio,
Acho tédio!
Não queira tapar meu horizonte e os
olhos da rua,
Pois isto só permito para a
luminosa lua.