DEZ IX - II
Caro Poeta, quando te leio, a angústia dolorida
Que te preenche a existência e que em teu coração impera,
Faz-me também sofrer e da alma se apodera,
Como se de dentro de mim ela fosse nascida.
Sinto o que sentes: ora a lágrima sincera
Que foi pela saudade ou pelo amor vertida,
Ora a tristeza, que habita em tua alma, — guarida
Onde a negra legião se aglomera...
Não há nesses versos um sentimento alheio
A dor; neles se encontra a aspereza das pragas;
Há neles ora as ondas do radar de como veio
o morcego, ora a queixa harmônica das águas.. .
Leio os teus poemas; e, em minha alma, quando, os leio,
Vão gemendo, em surdina, a melodia das mágoas. . .