segunda-feira, dezembro 19, 2011


AB IMO PECTORE


Era uma noite chuvosa — no chão molhado eu dormia

E nos meus sonhos atormentados revia

As ilusões que sonhei!

Sonhei que vivia...

Meu Deus ! porque não morri ?

Porque do sono acordei ?


Sou eu ! que não esqueci

As noites que não dormi,

Que não foi uma ilusão

Sou eu que sinto morrer

A esperança de viver....

No fundo do coração !


Tudo bem que tu rias das esperanças,

Das minhas loucas lembranças,

Que me corroem assim,

Ou então no silêncio da madrugada, com medo

Chorarias em segredo

Uma lágrima por mim ?


Dorme, meu coração! em paz esquece

Tudo, tudo que amaste neste mundo!

Antes do sonho, uma prece,

Não interrompa meu dormir profundo!


Meu triste coração, dorme na noite calma,

Dorme no peito meu!

Do derradeiro sonho despertei, e na alma

Tudo! tudo morreu !


Feliz daquele que no livro da alma

Não tem folhas escritas,

E nem saudade amarga, arrependida,

Nem lágrimas negras malditas!


Alma em pranto, sedenta de infinito,

Em amplas visões o universo se abrindo,

Como a brisa fria no céu noturno, como se acordasse com um grito,

Entre os mundos de Deus passei dormindo!