O cemitério, o corvo, o verme e o corpo
Quando chega a noite nos túmulos sombrios,
A lua espalha pálida prateada cor,
Dói uma saudade com cada flor,
Rolam cristais com lágrimas em fios,
Tremem as cruzes sobre os leitos frios ,
Por esse império do mais negro horror,
E sobre os corpos hirtos, sem calor
Abrem as asas os corvos bravios.
Ouvem-se os gritos d'agourentas aves,
Que, perpassando da capela as naves,
Ousam da morte perturbar o sono.
Tudo ali dorme; só não dorme a terra,
Porque a terra que o corpo envolve, encerra
Do verme atroz o pavoroso trono.