OCTOXXV
Sou um pântano escuro, inavegável, quieto,
Sem vida, sem amor, sem vibrações, sem lutas,
Trago dentro de mim um coração abjeto,
Torpe como o lençol das velhas prostitutas.
O spleen, dominador, vampírico, secreto,
Roeu-me da consciência as fibras impolutas.
Sou um pântano escuro, inavegável, quieto,
Como a hedionda paz das trevas absolutas...
Se esgotei os sonhos do imprevisto,
Se já não posso finalmente ter as sensações intensas agudas
Da virtude e do mal, por que é que ainda existo?
Sinto-me naufragar no horror das trevas mudas...
Quem me dera gemer no teu Calvário, ó Cristo!
Quem me dera sentir o teu remorso, ó Judas!
Sou um pântano escuro, inavegável, quieto,
Sem vida, sem amor, sem vibrações, sem lutas,
Trago dentro de mim um coração abjeto,
Torpe como o lençol das velhas prostitutas.
O spleen, dominador, vampírico, secreto,
Roeu-me da consciência as fibras impolutas.
Sou um pântano escuro, inavegável, quieto,
Como a hedionda paz das trevas absolutas...
Se esgotei os sonhos do imprevisto,
Se já não posso finalmente ter as sensações intensas agudas
Da virtude e do mal, por que é que ainda existo?
Sinto-me naufragar no horror das trevas mudas...
Quem me dera gemer no teu Calvário, ó Cristo!
Quem me dera sentir o teu remorso, ó Judas!