quarta-feira, fevereiro 28, 2007


A VERDADE ESTÁ LÁ FORA

BLEIN! BLEIN! BLEEIIINNNN!!

Vibra a corda da guitarra,

Só viver diz o Nervoso,

Na lembrança das minhas saudades,

Nos remixes memoráveis.

Nada disso importa!

Por favor, abra a porta,

Da plena percepção,

Completa ilusão,

De uma consciência torta

Dane-se!

Prefiro janelas!

Até àquelas do Bill Gates,

As janelas interfaces,

Mentais, virtuais, surreais e reais,

Cobertas por grandes vitrais,

Janelas indiscretas,

Com vista para um rio ou para um bar.

Janelas de Veneza,

Encimadas por curvas quebradas,

Ladeadas por venezianas de rara beleza,

Por vezes marcadas,

Pela dor e tristeza,

Uma de luto,

Outras de luxo,

No lixo,

Nem todas refletem o luar.

Algumas são redondas, outras estão fechadas,

Janelas sujas,

Com as vidraças trincadas,

Janelas pintadas,

Amarelas ou azuladas,

Quadradas,

Uma casa sem janelas,

Onde se possa apoiar os braços e pensar.

Com grades que aprisionam o coração,

Com cortinas rasgadas e o tecido em decomposição,

Janelas com almofadas mofadas pela transpiração das fofoqueiras de plantão,

De madeira ou metal,

Escancaradas ou não.

Talvez simplesmente uma abertura em um elemento de vedação arquitetônica,

Um buraco na fachada,

Por onde passa a luz e o ar,

De maneira irônica,

No térreo, ao nível da calçada,

Ou no último andar.

***

A janela da alma,

De onde vejo o sol nascer,

Meu pensamento viaja longe e com calma,

Já vai anoitecer,

Eu ainda continuo a olhar!

De dentro para fora e de fora para dentro,

Como o movimento do vento que começa a soprar,

Esperando só para te ver passar!

Sigo-te com os olhos,

Pela fresta da janela,

Observo teus passos

E como és bela...

Mas não bates na porta,

Nenhum sorriso,

Apenas uma expressão morta,

Como se não fosse preciso,

Demonstrar estar disposta,

A ficar comigo.

Ao lado da porta tem uma janela

Porta ou janela?

Janela ou porta?

Esqueça!

O que isto importa?

Só quero estar contigo!

Posso pela fechadura espiar

E pela janela entrar,

Sair,

Como eu preferir,

Ou também posso pular,

Mas não corro o risco de me ferir,

Muito menos algo quebrar,

Minha janela é de frente para o mar.

Não importa!

Preciso apenas te amar!

***

Não quero olhar!

Para a porta,

Para uma paisagem intrincada,

Num ambiente desprovido de memória,

Universo maquinal de forma variada,

Marcado pelo corporiedade da paranóia,

Imagem densa e carregada,

Que você não acha em um livro de história!

O mundo sistêmico e anacrônico,

Os espaços intersticiais desse purgatório,

Onde até poderia ser cômico,

Se não fosse um vômito ou os seres larvais rastejando no mictório.

***

Absolutamente intangível,

As janelas para o infinito,

Objeto abstrato incompreensível,

Praticamente indefinido.

Não seria a janela feita de átomos?

Formado por partículas infinitesimais em constante movimentação!

Léptons, quarks e bósons,

Fóton, glúon e grávitons,

Sólidos, líquidos e gases,

Bárions,

Prótons e elétrons,

Nêutrons.

A energia é igual à massa, multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz no vácuo.

Matéria elementar única,

Fluido universal.

A janela é energia!