terça-feira, fevereiro 08, 2011


FEBRUOCTO


Eu, jamais aprendi a amar as formas e os movimentos
Da estrofe mais ideal das perfeitas harmonias mudas,
Eu sinto as tortas decepções juntas aos grandes deformados desalentos
E tenho um riso meu como o sorrir de Judas.

Eu peço que não creias
Que eu amo esta existência e não lhe queira um fim;
Há tempos que não sinto o sangue pelas veias
E a Morte talvez seja afável para mim.

Assim a Morte diz. Verbo crepuscular íntimo velado,
Silencioso intérprete das coisas invisíveis e do sagrado.

Eu quero só fugir das coisas e dos seres,
Quero apenas abandonar esse mundo, a vida triste e má
Na véspera do dia em que também morreres,
Morreres de pesar, por eu não viver já!

segunda-feira, fevereiro 07, 2011


CATCH FIRE

Sou fogo que arde e queima por fora e por dentro
Chama eterna que dança
Como o movimento do vento
Como uma viva lembrança.

Amarelo, azul e vermelho
Cores e matizes da salamandra e do diabo
Quente e devastador feito lava
Nem enterrando ou com água se apaga.


Calor que derrete até mesmo os ossos
Amolece os teus miolos
Cozinha os ovos
E chamusca os pelos.

Ferve teu sangue?
Não me engane!

Labareda e brasa
Vou tocando fogo na madrugada
Queimo tudo que está por perto
Não adianta procurar oásis neste deserto.

Em contato comigo até a água evapora
Está com medo? Então vá embora!
Isso mesmo! É assim! Na cara!
Segue reto, não olha para trás e não para!
Assim não! Até fico triste quando alguém chora.

Da minha mão sai luz
Da luz eu atraio o raio
Muitos tentaram, mas não conseguiram me pregar na cruz
Tentaram e erraram, pois raramente caio
Se caio, levanto, e ninguém entende a linguagem da minha alma ou ao menos a traduz.

Não sou o tocha humana do quarteto fantástico
Mas transformo carvão em diamante
Também não sou ilusionista, alquimista e tampouco mágico
Dizem alguns que é apenas o poder da mente.

Você duvida?
Então sente-se, cala-te e vê se aprende! Ou suma da minha vida!

Só não esquece! Quem brinca com fogo se queima, ou no mínimo faz xixi na cama.



DUPLA ESSÊNCIA … DUALIDADE … O PARADOXO DA EXISTÊNCIA


Sou único na vida,
Na sombria duplicidade,
Da mentira que se faz verdade,
Da noite que encobre o dia,
Da vida que se sobrepõe a morte,
O início e o fim, o TUDO e o NADA.


O dia e a noite,
O longe e o perto,
O cedo e o tarde,
O duvidoso e o certo.


Dualidade ...

Eu quero a ânsia do poema nunca criado,
A sede do beijo nunca antes roubado,
As palavras do texto nunca antes escrito,
A fome do ser nunca antes saciado,
E ao mesmo tempo, quero o prato repetido,
O poema interpretado, lido e reiterado,
Desejos de um reles humano e sua ilusão;
Anseio o presente e o passado renovado
Sempre uma pergunta, um ponto de interrogação.


Procuro a dualidade da entediante realidade!

Dualidade ...

A dualidade natural,
Faz de mim um homem normal,
Duplo e único nos enigmas da natureza,
Entre o bem e o mal, o ser ou não ser,
O ódio, a ira na destruição da humanidade,
Grandes ilusões, falsas realidades.
Quando um homem e uma mulher,
Encontram-se com a verdade,
O amor torna-se único,
Essência pura da felicidade!...

Dualidade ...

As duas realidades da vida,
Uma feito começo, a outra, despedida,
São dois reflexos confusos,
Que nos perfuram doídos, parafusos.

Cada dia, uma encruzilhada,
Oportunidades e castigos de surpresa;
É uma aventura viver intensamente,
Em toda curva a sorte é lançada!

Olhos bem fechados, confiando na certeza,
De que o próximo passo é o derradeiro,
Para incendiar o coração imensamente.

Com um amor maior que o mundo inteiro!
Até a outra realidade se fazer presente,
E nos arrebatar e confundir novamente.

Dualidade …

Em um dia calmaria...
no outro tempestade...
Em um dia te amaria
no outro partiria...
Cheio de contradições...feliz agora, mais tarde triste talvez...
Quem me compreende??? Quem me entende????
Quem saberia viver ao meu lado?
Intenso, como um abismo...
Verdadeiro...
solidário, amigo.
Que Stefan, sou eu hoje?
O feliz ou o melancólico?
O realizado ou o que procura lá atrás respostas que jamais virão...
Quem sou eu???

A Scanner Darkly

O dentro e o fora,
O broco e o letrado,
O retilíneo e o curvilíneo,
O certo e o errado.


Às vezes, um vazio, as vezes completo, as vezes um silêncio.
Uma hora sou sereno, na outra...o avesso do avesso.
poeta...na veia
fotógrafo...no olhar
amante...no viver
Feliz...por amar...
E então, entre tantos, quem sou eu?

Talvez … seja …!?

A luz e as trevas,
A vida e a morte,
O branco e o preto,
O fraco e o forte.

O efêmero e o eterno,
O nascer e o morrer,
O pobre e o rico,
O amanhecer e o entardecer.

Na madrugada penso...me encontrei???? Ou me perdi???
Onde estou agora????
Por vezes, pareço uma criança sentada na calçada, fazendo bolhas de sabão...
em outras, um homem de fibra...
De vez em quando choro por nada,
Em outro instante tenho forças para o que der e vier.
Quem me conhece... me entende...será???
Eu sou este...
e quem saberia me descrever?
Nas mãos de Deus está toda minha vida, por isso, meu abismo não chega a ser um perigo.
Sim, eu sou intenso como um abismo..mas como vivo segurando nas mãos de Deus...ainda posso caminhar nas nuvens...
Livre..como um pássaro

Dualidade ...


O velho e o novo,
O ódio e o amor,
O antes e o depois,
O espinho e a flor.


O sinistro e o destro,
O doente e o são,
O escuro e o claro,
O liberto e a escravidão,
O azar e a sorte,
O verdadeiro e a ficção,

E tantos outros contrários...

São dualidades que a astrologia, numerologia, psicologia...
E outras ciências tentam infundir...
E deixam todos ainda mais confusos e na mais completa agonia.
“Não vim aqui para explicar. E sim para confundir.”




MINHA RUA

Minha rua é um poema
que conheço muito bem.
Riu comigo no meu riso,
soluçou quando chorei.
Cada pedra desta rua
é poesia que espalhei;
nas sarjetas boiam sonhos
que, infelizmente afoguei!


I


Eu vi na treva o brilho da espada e a flamula das lanças,
Rugir como chacais irmãos contra os irmãos,
E eu vi a soluçar as pálidas crianças
Cruzando sobre o peito as pequeninas mãos.

Eu vi três irmãos - vício, dor e o orgulho, e as três irmãs - a fome, a peste e a guerra -
Batendo de noite às portas de um bordel.
Senti sob os meu pés estremecer a terra
E bramir na amplidão a voz de Ezequiel.

E nisto o Céu tornou-se aberto e transparente;
E a Lua, triste, envolta num sudário,
Aparece a tremer silenciosamente,
Branca como Jesus na noite do Calvário.

E o mar, o vasto oceano profundo e soluçante,
Vendo surgir da Lua o pálido fulgor,
Arqueia enormemente o dorso triunfante,
Como um leão raivoso em convulsões de amor.
Arqueia-se, eleva-se às montanhas,
Tomba sobre si mesmo em rude cataclismo,
Arranca mil trovões das entranhas,
Levanta-se outra vez, cai outra vez no abismo.

E então eu vi surgir Você, assim, de repente.
Bela como a Beatriz de Dante,
Uma visão radiosa. A luz do seu olhar
Tinha as cintilações mágicas do luar,
A total formosura, os ares transcendentes
De um céu da primavera. As curvas das serpentes.

Aproximou-se, e então, disse-me:
"Escuta:
Que pensamentos maus, fantásticos, insanos
Fazem murchar a flor dos teus trinta e quatro anos,
Como folhas do outono extintas sobre a pedra e o pó?!
Um rosário de luz! trinta e quatro anos só!
Para longe a tristeza e mais longe ainda as mágoas!
Levanta o teu olhar do turbilhão das águas
E lança-o pelo espaço harmonioso e vago
Se a terra é um grande mar, o céu é um grande lago."