segunda-feira, maio 31, 2010



"A imagem de Deus se acha essencial e pessoalmente em toda a humanidade. Cada um a
possui completa, inteira e indivisível, e todos juntos não mais que um sozinho. Deste modo todos
somos um, intimamente unidos em nossa eterna imagem, que é a imagem de Deus e a fonte em
nós de toda nossa vida. Nossa criada essência e nossa vida estão ligadas a ela sem mediação
quanto a sua causa eterna."

Ruysbroeck

"Deus, em sua simples substância, está todo, igualmente, em todas as partes; entretanto,
na eficácia está nas criaturas racionais de modo diferente que nas irracionais, e nas criaturas
racionais boas de outro modo que nas más. Está nas irracionais de modo que não é
compreendido por elas; por todas as racionais, entretanto, pode ser compreendido pelo
conhecimento; mas só pelas boas pode ser compreendido também pelo amor."

São Bernardo

"Quando está o homem em mero entendimento? Respondo: Quando o homem vê uma
coisa além de outra. E quando está o homem por cima do mero entendimento? Vou lhes dizer
isso: Quando o homem vê Tudo em todos, então está o homem mais à frente do mero
entendimento."

Eckhart

"Todas as criaturas existiram eternamente na essência divina, como em seu modelo. Assim
que concorda com a divina idéia, todo ser, antes de sua criação, foi um com a essência de Deus.
(Deus cria para o tempo o que era e é na eternidade.) Eternamente, todas as criaturas são Deus
em Deus... Assim que são em Deus, são a mesma vida, a mesma essência, o mesmo poder, o
mesmo Um, e nada menos."

Suso

"Quando o homem carece de discernimento, sua vontade vaga em todas direções, depois
de inumeráveis objetivos. Os que carecem de discernimento podem citar a letra da Escritura, mas
em realidade estão negando sua íntima verdade. Estão cheios de desejos mundanos e ávidos das
recompensas do céu. Usam belas figuras retóricas; ensinam laboriosos ritos que, conforme se
supõe, dão prazer e poder aos que os praticam. Mas, em realidade, não compreendem nada,
exceto a lei do Carma, que encadeia os homens a renascer.
Aqueles cujo discernimento se perde em tais bate-papos ficam profundamente afetados ao
prazer e ao poder. E por isso são incapazes de desenvolver a unitendente concentração da
vontade que conduz ao homem à absorção em Deus."

Bhagavad-Gita

"Meu Eu é Deus, e não reconheço outro Eu que meu Deus mesmo."
Santa Catalina de Gênova

"Naquilo em que a alma é distinta de Deus, também é distinta de si mesmo."
São Bernardo

"Eu fui de Deus em Deus, até que exclamaram dentro de mim: "Oh! Tu Eu!"
Bayazid de Bisutún

quarta-feira, maio 26, 2010


"Fraqueza, angústia, insegurança, amargor, desalento e demais misérias humanas
são criadas pela distância entre o que supomos que somos e O que Realmente É nosso Ser.
É distância espaço. Distância tempo. É distância feita de ignorância, alinhavada de egoí­smo."

José Hermógenes, em Mergulho na Paz (1970)

LEX... !?

O amor e o ódio, a luz e a treva, o bem e o mal,
Eis a dupla questão.
O pensamento humano
Mergulhou como um Deus nas grutas do oceano,
Embebeu-se no azul, andou pelo infinito,
Interrogou a história, os ventos, o granito,
Todas as criações, todas as criaturas,
Vermes, religiões, abismos, sepulturas,
E disse-nos: - Jesus, Krishna, Hermes Trimegisto, Buda e Platão
Falaram a verdade. Existe uma razão,
Uma idéia, uma lei misteriosa, etérea,
Que rege o movimento e as formas da matéria
Desde a boca do tigre ao coração das flores,
Desde a asa do corvo à asa dos condores,
Desde o abismo do Céu aos buracos profundos.
Os glóbulos do sangue e os glóbulos dos mundos,
As correntes do mar e as lutas das paixões,
O vírus e a tempestade, os homens e os vulcões,
Tudo, tudo obedece à mesma lei suprema.
Definir essa lei - eis o imortal problema.

terça-feira, maio 25, 2010


O Poeta

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro, e há na vida do estrangeiro uma solidão pesada e um isolamento doloroso. Sou assim levado a pensar sempre numa pátria encantada que não conheço, e a sonhar com os sortilégios de uma terra longínqua que nunca visitei.

Sou um estrangeiro para minha alma. Quando minha língua fala, meu ouvido estranha-lhe a voz. Quando meu Eu interior ri ou chora, ou se entusiasma, ou treme, meu outro Eu estranha o que ouve e vê, e minha alma interroga minha alma. Mas permaneço desconhecido e oculto, velado pelo nevoeiro, envolto no silêncio.

Sou um estrangeiro para o meu corpo. Todas as vezes que me olho num espelho, vejo no meu rosto algo que minha alma não sente, e percebo nos meus olhos algo que minhas profundezas não reconhecem.

Quando caminho nas ruas da cidade, os meninos me seguem gritando: “Eis o cego, demos-lhe um cajado que o ajude.” Fujo deles. Mas encontro outro grupo de moças que me seguram pelas abas da roupa, dizendo: “É surdo como a pedra. Enchamos seus ouvidos com canções de amor e desejo.” Deixo-as correndo. Depois, encontro um grupo de homens que me cercam, dizendo: “É mudo como um túmulo, vamos endireitar-lhe a língua.” Fujo deles com medo. E encontro um grupo de anciãos que apontam para mim com dedos trêmulos, dizendo: “É um louco que perdeu a razão ao freqüentar as fadas e os feiticeiros.”

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro e já percorri o mundo do Oriente ao Ocidente sem encontrar minha terra natal, nem quem me conheça ou se lembre de mim.

Acordo pela manhã, e acho-me prisioneiro num antro escuro, freqüentado por cobras e insetos. Se sair à luz, a sombra de meu corpo me segue, e as sombras de minha alma me precedem, levando-me aonde não sei, oferecendo-me coisas de que não preciso, procurando algo que não entendo. E quando chega a noite, volto para a casa e deito-me numa cama feita de plumas de avestruz e de espinhos dos campos.

Idéias estranhas atormentam minha mente, e inclinações diversas, perturbadoras, alegres, dolorosas, agradáveis. À meia-noite, assaltam-me fantasmas de tempos idos. E almas de nações esquecidas me fitam. Interrogo-as, recebendo por toda resposta um sorriso. Quando procuro segura-las, fogem de mim e desvanecem-se como fumaça.

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro e não há no mundo quem conheça uma única palavra do idioma de minha alma...

Caminho na selva inabitada e vejo os rios correrem e subirem do fundo dos vales ao cume das montanhas. E vejo as árvores desnudas se cobrirem de folhas num só minuto. Depois, suas ramas caem no chão e se transformam em cobras pintalgadas.

E as aves do céu voam, pousam, cantam, gorgeiam e depois param, abrem as asas e viram mulheres nuas, de cabelos soltos e pescoços esticados. E olham para mim com paixão e sorriem com sensualidade. E estendem suas mãos brancas e perfumadas. Mas, de repente, estremecem e somem como nuvens, deixando o eco de risos irônicos.

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um poeta que põe em prosa o que a vida põe em versos, e em versos o que a vida põe em prosa. Por isto, permanecerei um estrangeiro até que a morte me rapte e me leve para minha pátria.

(Extraído de “Temporais”)


Gibran Khalil Gibran


Meu Amigo, não sou o que pareço. O que pareço é apenas uma vestimenta cuidadosamente tecida, que me protege de tuas perguntas e te protege da minha negligência.

Meu Amigo, o Eu em mim mora na casa do silêncio, e lá dentro permanecerá para sempre, despercebido, inalcançável.

Não queria que acreditasses no que digo nem confiasses no que faço – pois minhas palavras são teus próprios pensamentos em articulação e meus feitos, tuas próprias esperanças em ação.

Quando dizes: “O vento sopra do leste”, eu digo: “Sim, sopra mesmo do leste”, pois não queria que soubesses que minha mente não mora no vento, mas no mar.

Não podes compreender meus pensamentos, filhos do mar, nem eu gostaria que compreendesses. Gostaria de estar sozinho no mar.

Quando é dia contigo, meu Amigo, é noite comigo. Contudo, mesmo assim falo do meio-dia que dança sobre os montes e da sombra de púrpura que se insinua através do vale: porque não podes ouvir as canções de minhas trevas nem ver minhas asas batendo contra as estrelas – e eu prefiro que não ouças nem vejas. Gostaria de ficar a sós com a noite.

Quando ascendes a teu Céu, eu desço ao meu Inferno – mesmo então chamas-me através do abismo intransponível, “Meu Amigo, Meu Companheiro, Meu Camarada”, e eu te respondo: “Meu Amigo, Meu Companheiro, Meu Camarada” – porque não gostaria que visses meu Inferno. A chama queimaria teus olhos, e a fumaça encheria tuas narinas. E amo demais meu Inferno para querer que o visites. Prefiro ficar sozinho no Inferno.

Amas a Verdade, e a Beleza, e a Retidão. E eu, por tua causa, digo que é bom e decente amar essas coisas. Mas, no meu coração rio-me de teu amor. Mas não gostaria que visses meu riso. Gostaria de rir sozinho.

Meu Amigo, tu és bom e cauteloso e sábio. Tu és perfeito – e eu também, falo contigo sábia e cautelosamente. E, entretanto, sou louco. Porém mascaro minha loucura. Prefiro ser louco sozinho:

Meu Amigo, tu não és meu Amigo, mas como te farei compreender? Meu caminho não é o teu caminho. Contudo juntos marchamos, de mãos dadas.

(Excertos de “O Louco”)

Gibran Khalil Gibran


"Oh, amigo
O tempo caminha em direção a ti para te levar a novos planos de realidade.
O teu ego e teu jogo estão a ponto de acabar.
Tu estás prestes a ser posto (a) face a face com a Serena Luz.
Tu estás experimentando esta realidade.
No estado de liberdade do ego, onde todas as coisas são como um céu vazio
sem nuvens.
E o intelecto nu e limpo é como um vácuo transcendente.
Neste momento, conhece-te e suporta o estado.
O que é chamado morte do ego está vindo para ti.

Recorda-te:
Esta é a hora da morte e renascimento.
Aproveita esta morte temporal para atingir o perfeito estado.
Ilumina-te.
Concentrado na unidade de todos os seres vivos.
Mantido sobre a Luz Clara.
Usa-a para alcançares entendimento e amor.
Se tu não podes manter a felicidade da iluminação e se tu te estás deslizando
dentro do contato do mundo exterior.

Lembra-te:
As alucinações que experimentas agora, as visões e introspecções te
ensinarão muito sobre ti mesmo e o mundo.
O véu da rotineira percepção será mudado em teus olhos.
Recorda a unidade de todas as coisas vivas.
Recorda a glória da Luz Clara.
Deixa-te guiar através da tua nova vida que vem."

O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS - BARDO THÖDOL

segunda-feira, maio 24, 2010


"Agora que o bardo da morte desponta diante de mim,
Eu vou parar de prender as coisas, de desejar e me apegar,
Vou entrar sem distrações na clara percepção dos ensinamentos,
E ejetar a minha consciência para a dimensão da percepção não nascida.
Quando eu deixar este corpo composto de carne e sangue,
Saberei ser ele apenas uma ilusão passageira."

Padma Sambhava em O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS

"Ligar-se, sintonizar-se, libertar-se.
Ligar-se significa voltar-se para dentro afim de ativar os equipamentos neurais
e genéticos. Tornar-se sensível aos muitos e diferentes níveis de consciência e aos
botões específicos que os acionam. (...)
Sintonizar-se significa interagir harmoniosamente com o mundo exterior:
exteriorizar, materializar, expressar as novas perspectivas internas.
Libertar-se sugere um processo ativo, seletivo e suave de separação de
compromissos involuntários ou inconscientes. Libertar-se significa autoconfiança,
descoberta da singularidade individual, compromisso com a mobilidade, escolha e
mudança.
Ligar-se, sintonizar-se e libertar-se! Chegou a hora de acionar a chave interna
para força máxima! Ouçam, ou vocês vão passar o resto de suas vidas como figurantes
mal pagos em algum documentário barato, preto-e-branco e amador, ou vão se tornar
os produtores dos seus próprios filmes."

Timothy Leary

sexta-feira, maio 21, 2010


Não te Arruínes, Alma, Enriquece

"Centro da minha terra pecadora,
alma gasta da própria rebeldia,
porque tremes lá dentro se por fora
vais caiando as paredes de alegria?
Para quê tanto luxo na morada
arruinada, arrendada a curto prazo?
Herdam de ti os vermes? Na jornada
do corpo te consomes ao acaso?
Não te arruínes, alma, enriquece:
vende as horas de escória e desperdício
e compra a eternidade que mereces,
sem piedade do servo ao teu serviço.
Devora a Morte e o que de nós terá,
que morta a Morte nada morrerá."

William Shakespeare, in "Sonetos"


"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!"

Florbela Espanca

"O invisível é real. As almas têm o seu mundo."

Alfred de Vigny

quinta-feira, maio 20, 2010


"Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada."

Mateus 10:34


"Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo."

Mateus 10:28


"Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.

Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?"


Mateus 16;25-26




ALMAS DENTRO DA ALMA

Vivem em Mim inúmeros tipos de Seres esquisitos;
Sou somente o lugar onde habitam,
Onde transitam.
Sou o híbrido Local de Aflitos.
Tenho mais Almas que Uma.
Há mais Eus do que Eu mesmo.
E não há quase nada que os Una.
Do que sinto ou não sinto,
Absinto!

Disputam quem Sou
Ignoro-os. Absorvo-os. Gritam. Nada ditam.
Mesmo assim escrevo ...
E vou!

Os instantes Superiores da Alma
Acontecem nos momentos de solidão,
Quando a carne, o prazer e a ocasião terrena,
Se retiram para muito longe.

Ou quando - Ela Própria - subiu
A um plano tão alto
Para reconhecer menos
Do que a sua Onipotência.

Essa Abolição Mortal
É rara - mas tão bela
Como Aparição - sujeita Ela
A um ar absoluto Imortal.

Revelação da Eternidade
Aos seu favoritos - bem poucos
A imensa substância fluídica Cósmica Universal
Da Imortalidade.

A Alma do Homem
É como a Água:
Do Céu vem,
Ao Céu sobe,
De novo tem
Que descer a Terra,
Em mudança Eterna.

O que sonhei antes de ter, nascido, vivido, digo, descido (caído)
Era perfeito, lúcido e divino
Tudo quanto sonhei foi perdido
Nas ondas caprichosas do destino.

Razões de Ser e de não Ser, contrárias,
Nas emoções que, dentro de Mim, cresceram
Tumultuosas, carinhosas, várias;
Outras várias também morreram.

GrandeS mistérioS impregnam
O íntimo do meu Ser,
O lugar onde hesitam
Grandes seres que fitam
Meu transpor tardo de os Ver.

São criaturas cheias de Abismo,
Como nos sonhos não há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha Alma é cataclismo
O limiar onde está!?

Então desperto do sonho
E sou Anjo de Luz,
Ainda que em um dia nublado e tristonho;
Porque o caminhar é medonho
E todo passo é uma Cruz.

Naqueles Seres que fui dentro de um Ser,
Que viveram demais para Eu viver
A minha Vida escura, luminosa, agitada e calma,

Se desdobraram gestos de menino
E rudes arremedos de assassino.
Foram Almas demais numa só Alma.


terça-feira, maio 18, 2010



THE OTHER SIDE

I’ll see you on the other side
Where the cliff meets the sea.
A place for drunken poets
To immortalise what they see.

Where science bows to nature,
It’s smells, it’s tastes and sounds.
Where all can be forgotten
And true peace can be found.

Listening to birds as they fly
To their nests hidden in caves.
Watching as they catch their lunch
In the infinite crashing waves.

Its a place no-mans ever been
And from which we'll never depart
But to gaze on this majestic shore
Will engrave love deep into my heart

Ian Curtis


ANGELS

Concentrating on an angels nest

that had caught my eye only moments
before, barely loud enough to hear
and whispered only to me. In the
depths of reality we lose our dreams.
I lit a smoke yet couldn’t grasp
its meaning. Utter silence followed,
Disrupted only by the increasing thump
of my heartbeat. Out of the life
known to me I went along. 'Till slowly
I regained consciousness and
the angels were gone.

Ian Curtis


"Não se joga impunemente com os mistérios e segredos da vida e da morte (...) Não se faz do esoterismo um passatempo vespertino; pessoas frágeis, de mentalidade fraca e incapazes de controlar a si mesmas jamais devem buscar no ocultismo a resposta para a sua existência (...)"

Eliphas Levi

Quem quer que tenha presenteado o adolescente Ian Kevin Curtis com a obra "Antes de Hitler Chegar", provavelmente não conhecia os ensinamentos de Lévi. Este obscuro livro, foi escrito por um ocultista alemão ainda mais sinistro e obscuro que sua obra. Rudolf van Sebottendorff redigiu o livro no final de 1933, tão logo os nazistas subiram ao poder.

A obra relata com riqueza de detalhes como eles chegaram ao poder por meio do paganismo esotérico que tanto encantava figuras proeminentes como Heinrich Himmler, Arthur de Gobineau e Rudolf Hess. Afirma com todas as letras que o destino de Hitler e do Reich foi traçado dentro da Maçonaria da Baviera; Sebottendorff, um iniciado da tradição maçônica de Memphis sabia do que estava falando, tanto que os nazistas confiscaram o livro e mandaram-no para a prisão.

Antes de Hitler Chegar foi o ponto de partida que levou Curtis a se interessar pelo ocultismo; encontrar-se e conhecer a si mesmo, e que também o levaria à ruína. A primeira edição da obra que depois da apreensão pelos nazistas foi revisada, continha muito material de conteúdo eugenista.

Como epiléptico, Curtis buscou de todas as formas se germanizar, arianizar-se como o amigo e companheiro de banda Bernard Sumner (que modificou o sobrenome para Albrecht para soar mais alemão). A paixão de Curtis pela Alemanha nazista não se resumiu a tocar o hino alemão em seu casamento; a atmosfera do expressionismo nem mesmo a idéia de inspirar-se nas roupas da SS para compor o visual da banda em cima do palco.

O nome da banda, teoricamente tirado do romance sadomasoquista House of Dolls de Karol Cetinsky, foi na verdade "revelado" durante uma sessão Ouija em que Curtis, Sumner e um amigo de nome desconhecido tentavam estabelecer contato com o espírito de Adolf Hitler.

Quando um jornalista do extinto semanário musical inglês Melody Maker pediu a Curtis que fizesse um breve resumo de House of Dolls, percebeu que ele jamais havia lido a obra; pelo menos não tanto quanto filosofava sobre ela, já que trata-se de um ponto de vista moral um tanto quanto estranho – tendo sido escrito por um judeu.

Quando a Alemanha foi campeã na Copa do Mundo de 1974, Curtis mesmo sem um tostão no bolso se virou para conseguir uma camisa da seleção alemã em que no lugar do tradicional escudo da Bundesliga, havia um sol negro, sobreposto sobre a bandeira alemã. As pessoas que cercaram Ian Curtis desde a infância e mesmo em seus últimos dias não sabiam de onde ele havia tirado semelhante paixão platônica pelo germanismo.

Ele jamais se preocupou em responder as acusações de que a banda nutria algum tipo de simpatia pelo nazismo. Tampouco seus companheiros de banda se importavam com isso; na década decadente em que cresceram e viram a velha Manchester, símbolo e berço do mundo industrializado transformar-se num ninho de imigrantes vindos das ex-colônias do Império Britânico; tomada pela desolação, pelo medo e falta de persperctivas para os jovens; o que não faltava era gente que via num extermínio em massa de raças inferiores, a resposta para os problemas que os afligiam. Mas é improvável que ele fosse atraído particularmente pela execução dos judeus, mas sim pelo valor esotérico das idéias do Reich.

A sensação de encantamento mudou quando Curtis se deu conta que sua "fragilidade genética"; incapaz de praticar esportes competitivamente, não era exatamente um gênio no colégio e sua instabilidade afetiva, faziam dele um espécime descartável, desprezível, e que se ele realmente acreditava que a solução final, a busca pela compreensão e perfeição da espécie humana que tanto seu estudo cativava-o, deveria começar por ele, o extermínio daquilo que emperrava a evolução; independente do que isso significasse para ele.

"Não poderia deixar genes ruins" disse certa vez para P-Orridge durante uma bebedeira - (embora tivesse a pequena Natalie com menos de 1 ano de idade). Faz sentido e não faz ao mesmo tempo. É necessário respeitar alguém que se considere um incapaz desolado, e tenha a coragem de por fim a sua existência. Ao mesmo tempo em que lembramos que ele era tido como egoísta, manipulador, auto-centrado, amoral, perfeccionista ( alguém aí pensou Satanista ? ) pela esposa e pelos companheiros de banda.

P-Orridge, líder do Throbbing Gristle e conterrâneo de Curtis era o único com quem ele tinha esse tipo de conversa mais "filosófica". Num artigo publicado por ele há alguns anos atrás, P-Orridge pisa em ovos para contornar a situação e tenta não ofender aqueles que gostariam de saber mais sobre as crenças de Curtis.

Quando questionado se o livro que inspiraria o filme-biografia de Curtis escrito por Deborah Curtis deixava de mencionar algo importante da vida de Ian, ele dispara: "Ficou faltando tudo. É a visão magoada de mulher traída, esposa infeliz e relegada a segundo plano na vida de Curtis que ela aborda. Ela jamais conheceu o labirinto pardo-cinzento (numa menção as cores dos uniformes da SS) em que vivia Ian."

O desespero sísmico nas letras de Curtis revelam a insatisfação consigo mesmo, a noção exata de que jamais poderia ser aquilo que mais adorava.

Diz Deborah Curtis:

"Ele me obrigou a abandonar a escola, dizia que seria um rock star e que teria grana o suficiente para bancar a nossa vida como queríamos. Eu o amava demais, mas não a vida com que ele talvez sonhasse. Para dizer a verdade, não sei com que tipo de vida ele sonhava além daquelas que ele encontrava nos livros que ele gostava.

Ela era capaz de se iludir e cair na real em questão de minutos, reconhecer quem e o que ele era. Para mim, ele se matou sem me contar quem era na verdade. Ele também morreu sem saber quem eu era."

Como diz Deborah em Carícias Distantes, Curtis viveu uma vida inteira durante sua adolescência, no período que “descobriu” a cura para seus males, e quando reconheceu que o mal era ele mesmo. "Vocês amam em mim, aquilo que está me matando, diz Ian em uma entrevista, referindo-se a epilepsia."

Não cabe aqui analisar o que pensa os fãs da banda; que se revoltam quando alguém diz que a banda tinha "tendências" de extrema-direita, não esquecendo que eles apoiavam os Tories, tradicional partido conservador britânico que no início da ascensão nazista, via com bons olhos a idéia de expurgar judeus e comunistas do mapa. Nem de lembrar que Bernard Sumner/Albrecht aclamava a Rudolf Hess em shows da banda.

O que cabe aqui, é entender o quanto o 'Left Hand Path', a obscuridade, o esoterismo, as ciências ocultas podem afetar uma cabeça despreparada, cheia de ilusões e desespero. Curtis se matou porque supostamente reconhecia em si tudo aquilo que na sua opinião era degradante, humilhante. Primeiro ele imaginou ter encontrado no Nazi-Esoterismo a solução, ou ao menos a resposta para seus problemas e a situação em que vivia. Para em seguida, se auto-condenar, entender que não havia esperança, e que já estava suficientemente cansado para ir adiante.

Ian Curtis sempre foi uma contradição em termos. Ou como disseram os mais chegados a ele:

"Primeiro eu me enfureci. Se eu pudesse, teria o matado pela segunda vez. Quando alguém tira a própria vida, joga a culpa sobre os outros, nos tira qualquer direito de resposta, desabafou Peter Hook."

"Quando ele descobriu que o caminho que ele havia encontrado para achar suas respostas não era suficientemente iluminado... ( pausa ) pensando bem, o que ele esperava encontrar vivendo num mundo supostamente iluminado pelo SOL NEGRO ? - Genesis P-Orridge."


Love Will Tear Us Apart

(JOY DIVISION)


When routine bites hard and ambitions are low
and resentment rides high but emotions won't grow
And we're changing our ways, taking different roads

Then love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again

Why is the bedroom so cold? You've turned away on your side
Is my timing that flawed? Our respect runs so dry
Yet there's still this appeal that we've kept through our lives

But love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again

You cry out in your sleep, all my failings exposed
And there's taste in my mouth as desperation takes hold
Just that something so good just can't function no more

But love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
IAN CURTIS (15.07.1956/18.05.1980)

Em 18 de maio de 1980, há exatos 30 anos, com 23 anos de idade, Ian Kevin Curtis, suicidou-se. Na noite anterior, tinha pedido à mulher que o deixasse sozinho em casa. Fumou cigarros, esvaziou uma garrafa de whisky, pôs a girar o vinil "The idiot", de Iggy Pop, viu na televisão o filme "The Stroszek", de Werner Herzog, e escreveu em uma carta "Já não aguento mais". Por volta das cinco da madrugada, colocou uma corda à volta do pescoço e enforcou-se.

Poeta mais do que músico, gênio para muitos. Há quem diga que viveu demasiado em pouco tempo, Fizeram-se inúmeras especulações sobre a sua morte, sem chegar a nenhuma conclusão. Ian Curtis era uma figura complexa para ser percebida como as outras.

Os Joy Division, criados na cidade de Manchester, no frio Norte da Inglaterra, nasceram do pó dos bairros de tijolo vermelho e depressa se tornaram muito mais do que mais uma banda punk do final dos anos setenta. Ian Curtis não temia a depressão, enfrentava-a e ao mesmo tempo acarinhava-a nas suas letras duras. “Attrocity exhibition” ou “Love will tear us apart” são exemplos disso. Esta última canção tornou-se o maior êxito comercial de uma banda que permaneceu obscura, mesmo quando o seu som chegou aos sempre difíceis de conquistar americanos.

Muitas das canções que Ian Curtis escreveu são carregadas com imagens de dor emocional, morte, violência, alienação e degeneração urbana. Tais temas recorrentes levaram os fãs e a esposa de Ian, Deborah, a acreditar que Ian escrevia sobre sua própria vida. Ian certa vez comentou a respeito numa entrevista: "Escrevo sobre as diferentes formas que diferentes pessoas lidam com certos problemas, e como essas pessoas podem se adaptar e conviver com eles".

Ian cantava com um estranho timbre baixo-barítono, o que fazia com que sua voz parecesse pertencer a alguém muito mais velho que ele realmente era. Ele também era fascinado pela escaleta Hohner, um instrumento que foi mostrado a ele pela esposa de Tony Wilson, Lindsey Reade. Ele utilizou o instrumento ao vivo pela primeira vez durante uma passagem de som do Leigh Rock Festival em 1979, após o que ele adquiriu uma coleção de oito desses instrumentos. A fascinação de Ian Curtis pela escaleta levaria Bernard Sumner a utilizar o instrumento tempos depois, no New Order.

Musicalmente, Bernard Sumner e Peter Hook, mais tarde pioneiros do electro pop dos anos 80 com os New Order e Electronic, criavam ambientes simples, básicos para alguns, mas defendendo-se dessa acusação na evidência de que nem sempre é preciso complicar para criar grandes melodias.

Perseguido pela epilepsia quase tanto como pelos problemas que o deixavam horas a pensar, Curtis ficou associado, em palco, a uma dança estranha, obstinada, de movimentos bruscos dos braços e das pernas, em espectáculos de luzes quase apagadas devido à sua doença. Sobre a epilepsia, Ian Curtis admitia ficar horas sentado na cama, à espera dos ataques, para depois poder dormir. Talvez Curtis sofresse também de uma certa epilepsia psicológica, que lhe ditava as frases em espasmos, tendo como resultado poemas duros, tristes, inesquecíveis.

segunda-feira, maio 17, 2010


LEI


O que é preciso é entender a solidão!
O que é preciso é aceitar, mesmo, a onda amarga
que leva os mortos.

O que é preciso é esperar pela estrela
que ainda não está completa.

O que é preciso é que os olhos sejam cristal sem névoa,
e os lábios de ouro puro.

O que é preciso é que a alma vá e venha;
e ouça a notícia do tempo,
e, entre os assombros da vida e da morte,
estenda suas diáfanas asas,
isenta por igual,
de desejo e de desespero.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1954)'
Quando um homem renuncia aos desejos dos sentidos engendrados pela mente, obtendo contentamento unicamente no Eu, diz-se então que alcançou a consciência divina.

Quem está sempre tranquilo apesar das três misérias; quem não se deixa exaltar quando há felicidade; quem está livre do apego; quem não tem ódio nem medo; merece o nome de Sábio.

Neste mundo transitório, quem não se deixa afetar pelo bem ou pelo mal que poderão sobrevir, sem louvá-lo ou maldizê-lo, já se encontra situado na consciência divina.

A alma corporificada consegue renunciar aos prazeres dos sentidos muito embora ela não perca o sentido do prazer. Porque, depois de provar o gozo transcendental, ela fixa a consciência.

Os sentidos são tão fortes que conseguem arrastar mesmo a mente do homem sóbrio que se esforça por domá-los.

Ao contemplar os objetos a eles nos apegamos, do apego vem a luxúria, e da luxúria a ira.

Da ira vem a ilusão, a ilusão turba a memória. A memória confundida desbarata a inteligência, e quando esta se destrói, cai-se de novo no poço.

Sem consciência divina a mente não se controla nem se fixa a inteligência, sem o quê, não existe a paz. E onde não existe paz, pode haver felicidade?

O que é noite para todos é tempo de despertar para os autocontrolados. E o que é manhã para todos, para o pensativo é noite.

Quem não se deixa agitar pelo fluir dos desejos que entram qual rios no mar, que no entanto fica estável, é o único que tem paz; não aceite aquele que se esforça por saciar seus desejos.

A pessoa que abandona o sentimento de posse e os desejos dos sentidos, desprovida de egoísmo, alcança a paz verdadeira.

Bhagavad-Gita
"O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma incorporada experimenta infância, maturidade e velhice dentro do mesmo corpo, assim passa também de corpo a corpo - sabem os iluminados e não se entristecem.

Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento - estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência!

Mas quem permanece sereno e imperturbável no meio do prazer e do sofrimento, somente esse é que atinge a imortalidade.

O que é irreal não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, a diferença entre o ser e o parecer."

Bhagavad-Gita

domingo, maio 16, 2010


"Quando a bondade decai,
quando o mal aumenta
faço para mim um corpo.
Em cada época volto
para libertar aos Santos,
para destruir o pecado do pecador,
para estabelecer a retidão.
Quem conhece o caráter
de minha tarefa e meu santo nascimento,
não renasce
quando abandona seu corpo;
vem para Mim.
Fugindo do temor
da concupiscência e a ira,
esconde-se em Mim,
refúgio e segurança dela.
Depurados na chama de meu ser
muitos acham em Mim o lar."

Bhagavad-Gita


Os Pensamentos Intraduzíveis

É sabido que comboios completos de pensamento atravessam instantaneamente as nossas cabeças, na forma de certos sentimentos, sem tradução para a linguagem humana, menos ainda para uma linguagem literária... porque muitos dos nossos sentimentos, quando traduzidos numa linguagem simples, parecem completamente sem sentido. Essa é a razão pela qual eles nunca chegam a entrar no mundo, no entanto toda a gente os tem.

Fiodor Dostoievski, in 'Uma Anedota Sórdida'


É Necessário Estar Sempre Embriagado

É necessário estar sempre embriagado. Tudo está aí: é a única questão. Para não se sentir o horrível fardo do tempo que quebranta os vossos ombros e vos curva em direção à terra, deveis vos embriagar sem trégua. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiserdes. Mas embriagai-vos.

Charles Baudelaire, in 'Pequenos Poemas em Prosa'

Máximas do Nosso Saber

O que sabemos, sabemo-lo afinal apenas para nós mesmos. Se falo com alguém daquilo que julgo saber, acontece que imediatamente ele supõe saber o assunto melhor que eu, e sou obrigado a regressar a mim mesmo com o meu saber. O que sei bem, sei-o apenas para mim. Uma palavra pronunciada por outro raramente constitui um estímulo. Na maior parte das vezes suscita contradição, paralisia ou indiferença.
Instruamo-nos primeiro a nós próprios e seremos depois capazes de receber instruções dos outros.
Em boa verdade aprendemos sempre em livros que não somos capazes de avaliar. O autor de um livro que fôssemos capazes de avaliar teria que aprender conosco.
Muitos há que têm orgulho no que sabem. Face ao que não sabem costumam ser arrogantes. No fundo só se sabe quando se sabe pouco. À medida que cresce o saber, cresce igualmente a dúvida.

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"

Os Poetas Tornam a Vida mais Leve

Os poetas, na medida em que também querem tornar mais leve a vida das pessoas, ou desviam o olhar do trabalhoso presente ou ajudam o presente a adquirir novas cores, graças a uma luz vinda do passado que fazem irradiar sobre ele. Para poderem fazê-lo, têm eles próprios de ser, em muitos aspectos, seres voltados para trás: de maneira que se os pode utilizar como pontes para chegar a tempos e concepções muito distantes, a religiões e civilizações em vias de extinção ou já extintas. (...) É certo que há algumas coisas desfavoráveis a dizer quanto aos meios de que eles se servem para aligeirar a vida: apenas sossegam e curam provisoriamente, só de momento; até impedem as pessoas de trabalhar na realidade por uma melhoria da sua situação, precisamente enquanto suprimem e descarregam, por meio de paliativos, a paixão dos insatisfeitos, que incitam à acção.

Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'
Os Poetas e os Romancistas são os Mestres do Conhecimento da Alma

Os poetas e os romancistas são aliados preciosos, e o seu testemunho merece a mais alta consideração, porque eles conhecem, entre o céu e a terra, muitas coisas que a nossa sabedoria escolar nem sequer sonha ainda. São, no conhecimento da alma, nossos mestres, que somos homens vulgares, pois bebem de fontes que não se tornaram ainda acessíveis à ciência.


Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'



A Minha Sede de Infinito

Eu não sou católica, como não sou protestante nem budista, maometana ou teosofista. Não sou nada. E nem sequer poderá servir-me o preceito divino: «Aquele que me procura, já me encontrou», porque eu não procuro... O meu racionalismo à Hegel, apoiado numa espécie de filosofia à Nietzche, chegou-me por muito tempo. Hoje... a minha sede de infinito é maior do que eu, do que o mundo, do que tudo, e o meu espiritualismo ultrapassa o céu. Nada me chega, nada me convence, nada me enche. Sou um pobre que nenhum tesoiro acha digno das suas mãos vazias. A morte, talvez... esse infinito, esse total e profundo repouso; não me queira tirar a certeza de que ela é tudo isto: seria uma maldade, quase um crime. Pense bem: eu, que não sei o que é dormir uma noite inteira, dormir muitas, dormir todas e todos os dias e todos os anos, pelos séculos dos séculos! Só esta ideia me faz sorrir. Deve ser tão bom!

Florbela Espanca, in "Correspondência (1930)"

sábado, maio 15, 2010


"Devido à sua ambição e egoísmo, o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio."

Attaka Jara Sutta

"É da ignorância e da avidez que surge o mundo do erro, e as suas causas e condições existem apenas dentro da mente, em nenhum outro lugar mais."

Sutra Avatamsaka