quinta-feira, setembro 30, 2010


BLACK ANGEL


Everybody has a dark side…
I’m that dark side…
I’m Black Angel…!

I’m a mix of their fears
Hopes, dreams, hate, love
Innocence, guilt…
I’m their worst nightmare
Their best help
Their unbelievable salvation
I’m an Angel
I’m the darkness on a larger scale

And flying
Flying really high in the sky...
Where my dark wings are mixed up with the dark clouds...
I find myself
I find my own salvation
Although I’ve any…

Loneliness is always with me
I’m unique…
And nobody wants to change that
To change me…

So my path is this…
I cry for everybody else’s problems
And not for mine
Cause like that I can forget mine…
And be myself…
For ever lonely
For ever me
For ever… Black Angel…!

terça-feira, setembro 28, 2010


Eu

Até agora eu não me conhecia,
julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

sexta-feira, setembro 24, 2010


TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim

almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar

segunda-feira, setembro 13, 2010


Nuvem Passageira

Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai


Não adianta escrever meu nome numa pedra
Pois essa pedra em pó vai se transformar
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar

A lua cheia convida para um longo beijo
Mas o relógio te cobra o dia de amanhã
Estou sozinho, perdido e louco no meu leito
E a namorada analisada por sobre o divã

Por isso agora o que eu quero é dançar na chuva
Não quero nem saber de me fazer ou me matar
Eu vou deixar em dia a vida e a minha energia
Sou um castelo de areia na beira do mar.


Hermes Aquino