quarta-feira, março 31, 2010


NO MEIO DO CAMINHO

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, março 26, 2010


O Segundo Sol

Cássia Eller

Composição: Nando Reis

Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas
Dos planetas
Derrubando
Com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa...

Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse
E eu não pude acreditar
Mas você pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão...

Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação...

Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas
Dos planetas
Derrubando
Com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa...

Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse
E eu não pude acreditar
Mas você pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão...

Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação...

Seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão...

Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação...

Explicação
Não tem explicação
Explicação, não
Não tem explicação
Explicação, não tem
Não tem explicação
Explicação, não tem
Explicação, não tem
Não tem!!

Sonho Meu

Clementina de Jesus

Composição: Ivone Lara e Délcio Carvalho

Sonho meu, sonho meu
Vai buscar que mora longe
Sonho meu
Vai mostrar esta saudade
Sonho meu
Com a sua liberdade
Sonho meu

No meu céu a estrela guia se perdeu
A madrugada fria só me traz melancolia

Sonho meu
Sinto o canto da noite
Na boca do vento
Fazer a dança das flores
No meu pensamento
Traz a pureza de um samba
Sentido, marcado de mágoas de amor
Um samba que mexe o corpo da gente
E o vento vadio embalando a flor
Sonho meu


Louco

Elizeth Cardoso

Composição: Wilson Batista - Henrique De Ameida

Louco, pelas ruas ele andava
E o coitado chorava
Transformou-se até num vagabundo
Louco, para ele a vida não valia nada
Para ele a mulher amada
Era seu mundo
Louco, pelas ruas ele andava
E o coitado chorava
Transformou-se até num vagabundo
Louco, para ele a vida não valia nada
Para ele a mulher amada
Era seu mundo

Conselhos eu lhe dei
Para ele esquecer
Aquele falso amor
Ele se convenceu
Que ela nunca mereceu
Nem reparou
Sua grande dor
Que louco!

Louco, pelas ruas ele andava
O coitado chorava
Transformou-se até num vagabundo
Louco, para ele a vida não valia nada
Para ele a mulher amada
Era seu mundo

Conselhos eu lhe dei
Para ele esquecer
Aquele falso amor
Ele se convenceu
Que ela nunca mereceu
Nem reparou
Sua grande dor
Que louco!


Artifício

Clara Nunes

Composição: Paulo César Pinheiro/ Mauro Duarte

Não
Não adianta lamentar, amor
Deixa de lado, o que passou, passou
Pra que sofrer?
Pra que chorar se nada vai mudar?

Não
Não vale a pena alimentar a dor
No fundo todo mundo é pecador
Acho melhor pra aliviar
Fazer você cantar

Bota de lado o sacrifício
Isso é cavaco do ofício
E deixa o barco correr

A vida, amor, sempre é difícil
Mas não é por causa disso, viu
Que ninguém vai morrer

Não
O que é preciso é se cuidar, amor
Lembra que um beijo é que traiu o Senhor
Mas mesmo assim não vá julgar
O que é pra ser, será

Da chaga aberta nascerá uma flor
Com a proteção do santo protetor
Se você não quer perdoar
Não vá também vingar

Tenta fazer só benefício
Que a vida é um mero artifício
Nada se leva ao descer

Quem faz o mal está desde o início
À beira de um precipício
Que eu não desejo a você


Só Louco

Dorival Caymmi

Só louco
Amou como eu amei
Só louco
Quis o bem que eu quis
Ah, insensato coração
Porque me fizeste sofrer
Porque de amor pra entender
É preciso amar, porque
Só louco, louco...

Existência

Adoniran Barbosa

Foi trocando em miúdos
Que à conclusão cheguei:
Nada acontece de novo
Daquilo que desejei.
Ronda íngrime dos sonhos
Que acordados se revelam
São fantasmas não risonhos
Que ferem e se escalpelam.
Eu sou de humilde contato
Tímido, nem sou loquaz,
Tenho espontâneo relato
Do meu ego e o que me apraz.
Sou como sou não pedi
A vida e não me fiz
Byron disse: estou aqui,
Estou comigo,estou feliz

E aí
Eu comecei a cometer loucura
Era um verdadeiro inferno
Uma tortura
O que eu sofria
Por aquele amor
Milhões de diabinhos martelando
O meu pobre coração que agonizando
Já não podia mais de tanta dor
E aí
Eu comecei a cantar verso triste
O mesmo verso que até hoje existe
Na boca triste de algum sofredor
Como é que existe alguém
Que ainda tem coragem de dizer
Que os meus versos não contêm mensagem
São palavras frias, sem nenhum valor
Oh! Deus, será que o senhor não está vendo isso
Então, porque é que o senhor mandou Cristo
Aqui na terra para semear amor
E quando se tem alguém
Que ama de verdade
Serve de riso pra humanidade
É um covarde, um fraco, um sonhador
Se é que hoje tudo está tão diferente
Porque não deixa eu mostrar a essa gente
Que ainda existe o verdadeiro amor
Faça ela voltar de novo pro meu lado
Eu me sujeito a ser sacrificado
Salve seu mundo com minha dor.


Fui Louco

Noel Rosa

Fui louco Resolvi tomar juízo
A idade vem chegando e é preciso
Se eu choro Meu sentimento é profundo
Ter perdido a mocidade na orgia
Maior desgosto do mundo!
Neste mundo ingrato e cruel
Eu já desempenhei o meu papel
E da orgia então Já pedi minha demissão
Neste mundo ingrato e cruel
Eu já desempenhei o meu papel
E da orgia então Já pedi minha demissão.

Redenção

Bezerra da Silva

Composição: Janaína

o Senhor é a minha força
o meu escudo...
minha redenção
o meu cântico
é todo teu
como oferta viva
em seu altar
aplaudimos com os nossos lábios o teu poder
magnífico, soberano, sublime e glorioso.
que restaura a alma e o coração

tua beleza resplandece em meu viver
tua beleza resplandece
tua beleza resplandece
tua beleza resplandece,
em meu viver


Advogado do Diabo

Chico Science & Nação Zumbi

Composição: Edgard Scandurra

Eu não sou o que dizem que sou
Nem tu és o que dizem que és
Me diga promotor
O seu tempo já passou
Quem é o vilão dessa história?

Meninos enjaulados nada disso é conversa
São todos pecadinhos que até hoje Deus confessa

São filhos do sinal
São filhos de Zumbi,
São filhos dos que choram
E também de quem sorri

Por isso poupe a pompa e olhe para si!
Não há quem não corrompa com tanta lei assim
a sua mesa é fina mais a minha mesa é forte
Brincando com o destino
Tratamento e choque!

Alheio a tudo, alheio a todos
Passando frio e pegando fogo!
Alma danada seu crime é o castigo
Eu quebro a regra do jogo

Atire a pedra no pequeno mas um
Dia você vai se queimar


Do Nada Ao Tudo

Tim Maia

Vagava por esse mundo minha origem não sabia.
Vagava por esse mundo minha origem não sabia.

Sem ninguém pra me dizer, ai como eu sofria...
Sem ninguém pra me dizer, ai como eu sofria...


Chorando minha Desdita, sem entender o porque!
Hoje sei Toda Verdade, do livro dos livros é que vim a
conhecer.
Hoje Sei toda Verdade, do livro dos livros é que vim a conhecer.

Vaguei, sofri, chorei.
Mais tudo isso acabou me imunizei.
Vaguei, sofri, chorei.
Mais tudo isso acabou me imunizei.


Quando Eu Morri

Raul Seixas

Composição: Raul Seixas e Marcelo Nova

Quando eu morri em dezembro
De mil novecentos e setenta e dois
Esperava ressuscitar e juntar os pedaços

Da minha cabeça
Um tempo depois um psiquiatra disse
Que eu forçasse a barra
E me esforçasse pra voltar à vida
E eu parei de tomar ácido lisérgico
E fiquei quieto lambendo minha própria ferida
Sem saber se era crime ou castigo

E se havia outro cordão no meu umbigo
Pra de novo arrebentar
Pois eu fui puxado à ferro
Arrancado do útero materno
E apanhei pra poder chorar
Quando eu morri suando frio
Vi Jimmy Hendrix tocando nuvens distorcidas
Eu nem consegui falar
E depois por um momento
O céu virou fragmento do inferno
Em que eu tive que entrar
Eu sentia tanto medo, só queria dormir cedo

Pra noite passar depressa
E não poder me agarrar
Noites de garras de aço
Me cortavam em mil pedaços
E no outro dia eu tinha que me remendar
E se a vida pede a morte
Talvez seja muita sorte eu ainda estar aqui
E a cada beijo do desejo
Eu me entorpeço e me esqueço
De tudo que eu ainda não entendi


Azul e Amarelo

Cazuza

Composição: Cazuza / Lobão / Cartola

Anjo bom, anjo mau
Anjos existem
E são meus inimigos
E são amigos meus
E as fadas
As fadas também existem
São minhas namoradas
Me beijam pela manhã
Gnomos existem
E são minha escolta
Anjos, gnomos
Amigos e amigos
Tudo é possível
Outra vida futura, passada
Viagens, viagens
Mas existem também drogas pra dormir
E ver os perigos no meio do mar
No sono pesado, tudo meio drogado
Existem pessoas turvas, pessoas que gostam
E eu tô de azul e amarelo
De azul e amarelo

Senhores deuses, me protejam
De tanta mágoa
Tô pronto para ir ao teu encontro
Mas não quero, não vou, não quero
Não quero, não vou, não quero


O Mundo é Um Moinho

Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

Teatro Dos Vampiros

Renato Russo

Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.

Este é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance.
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos.

Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.

Vamos lá, tudo bem - eu só quero me divertir.
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal prá ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.

Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei

Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir.

Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém.


Eu Sei Que Vou te Amar

Tom Jobim

Composição: Tom Jobim / Vinícius de Moraes

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida


Você e Eu

Vinicius de Moraes

Composição: Carlos Lyra/Vinícius de Moraes

Podem me chamar
E me pedir e me rogar
E podem mesmo falar mal
Ficar de mal que não faz mal
Podem preparar
Milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir
Melhor nem pedir
Eu não vou ir, não quero ir
E também podem me obrigar
Até sorrir, até chorar
e podem mesmo imaginar
O que melhor lhes parecer
Podem espalhar
Que eu estou cansado de viver
E que é uma pena
Para quem me conheceu
Eu sou mais você
E... eu

A Dama do Apocalipse

Elis Regina

Composição: Nathan Marques / Crispim Del Cistia


Branco por cima e o negro de um sorriso herói
Trancam-me a mente e eu nego o quanto a dor destrói
Rasgam-me o sonho e o mal me põe na vida

E a vida me faz sem medo
Nos diademas, pragas, anjos de neon
Nos holocaustos trompas, flechas, megatons
Rasgam-me a terra e o fogo traz a vida

E a vida não traz segredo
Fecha-se o ar e o sol se nega, nega-se o pão e a paz
E o amor me cega

Sete rajadas correm, somem
E uma mulher

Se entrega e se impõe ardente
Constante, serpente, vulgar
Rasga-se o sonho e o corpo sente a dor crescer
Abre-se a mente e o cego vê a luz nascer
Trava-se a guerra e o fogo faz a vida


Meu Mundo Caiu

Maysa

Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
Eu te amei até o fim

E agora
Aproveita que estou fora
E vem dizer que vai casar
Se o meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar

Minha vida
É um lixo isso sim,
Se meu mundo caiu
Não precisa ter pena de mim!!

Bebendo, fumando por aí
Mas eu posso te dizer
Com certeza e sem dúvidas
Não fui eu que caí.

Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar.

terça-feira, março 23, 2010


O DESÍGNIO E EFEITO DAS AFLIÇÕES


"Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas¨.

2 CORÍNTIOS 4.16-18




"E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente.


Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.

Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé; a ponto de transportar montes, se não tiver amor nada serei.

E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se recente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e em parte, profetizamos.

Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.

Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente, então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor."



segunda-feira, março 22, 2010


MEA CULPA

Ando quase mudo
Escondo-me durante os dias
No alto da torre de mim mesmo
As horas são açoite
Para quem vive esperando pela noite
Vago pelo lago da agonia
Aguardando minha noiva fria
Cai a noite
Estrelas vão surgindo
Como doces virgens a bailar
Ganho as ruas escuras
As sombras são o meu lar
Me alimento do medo
Do vinho, do arrepio,
Do sangue que é a sina
Do meu vampiresco coração...


Macabra e feia a fria tumba
recolhe seus restos mortais
estranha melodia na catacumba
tristes lamentos, sons irreais.

Repousa ali, será? certa figura
com um
karma para carregar
foi-lhe dada a sepultura
mas nada o pode segurar.

Desce a noite, ecoa lento
funesto som no cemitério
range a lage e num momento
tudo é terror, tudo é mistério.

De repente, surge irreal figura
toda de preto, imortal senhor
o drácula salta da sepultura
atrás de sangue, o seu penhor!

Na pressa, teus olhos me abraçam
Estrelas caem no chão das cidades
Nas curvas do teu corpo, atalhos
Trago a lua para o meio da tarde.

Acelerados os passos em torno
Do nosso eixo imaginário
Hemisférios fazem um só contorno
Pólos se fundem
Entre caminhos contrários
Veredas do acaso...

Numa louca seqüência
Mãos beijam, olhos tocam, o sorriso é trilha
Sonora hora, vai rolando a cena
Tua boca insinua meu poema
Sessão da tarde no
outdoor da esquina!

Nos guetos, os
funks
A fome, um chorinho
Dos meninos sem nome
O cântico dos fiéis distrai
Se funde à batucada louca
Das avenidas roucas
E em meio à dor, o laço
O éter do amor embriaga o espaço
Os bandolins da noite chegando
E nós exilados no abraço
Passam as horas e nós ficamos...
No abandono das ruas, o encontro
No abandono do encontro, o beijo.

Borbulham esferas
Na fera dos teus olhos
Giram anéis de fogo
Saturnas noites
No céu do pensamento
Teu olho vem
Imprimindo o infinito
Na pressa dos meus
De atravessar o espaço
E viajar em tua órbita...

Sigo o acorde que toca
Dentro de mim as palavras
No tom de tua íris
Minha estrada ...
Almas equalizadas
E tua canção me abraça
Vibra macio
Tua voz, meu arrepioooo...

Na percussão do coração
As asas de tua melodia
Arranjos que o destino tece
No acaso dos dias
Na partitura de um tempo
Só nosso!

Somos pedras arrastadas pela torrente
Somos a força da corrente que a tudo arrasta
Somos o abismo tenebroso
E a luz que ofusca
Somos o desistir e a busca
Somos as ruínas e o novo brilho da esperança
Somos a ancestral tradição
E o sangue novo capaz de uma revolução
Somos a razão, perfeita máquina neural
Mas, sobretudo, somos o coração pulsante
Que nos faz comuns e tão raros
Somos os nossos próprios deuses e demônios
Somos eternos e efêmeros
Somos poderosos nadas
Nesta longa viagem universal...

Abismo-me
Não sou das superfícies
Sou o passo fundo e o poço
O soluço do silêncio
Minha matéria é o escuro
Habito o fundo da luz
Infinito

Liberto meu instinto [quase extinto]
Meu bicho-homem domado
Em nome da salvação!
Devoro a razão [que não me decifra]
Danço com meu enigma
Para que ele me surpreenda

Para que o excesso de luz não me cegue
Não seque o meu coração...

Enxerto-me de mim
Pedaços sobreviventes
Aos controles da mente [remotos]
Extravaso meu mar sem fim
Extravio meus limites [tortos]

Tudo é claro à luz do escuro

Te dou meus naufrágios em carmim
E minha fome que devora o tempo

Beba-me sal, sul e sol [suor indomável]
Para que eu finalmente seja
E não mais padeça
No concreto pantanoso [divindade]
Prefiro o lodo
Das minhas ambigüidades
Minhas verdades [relativas]
Reveladas nos olhos [absolutos]

Freud tentou explicar
Nietzche falou de algum lugar
Mas o ego não ouve outro senhor
Duelam
persona e anima na guerra que inventou
O silêncio ecoa na platéia surda
[Ainda não sabe quem comandará os diálogos]
Monologam nos
cybers mentais
Vão tecendo o que vêem
Com seus olhos mágicos
[Ainda que tentem vendá-los]

Anterior ao espetáculo
Um escuro grávido
Cada um é um holofote a compor o cenário
O super-homem não está no palco
No além-do-homem as asas
A vontade que cria potência
No piscar das pálpebras
O vôo... o salto! [E o mito se fragmenta]
Nos quartos ou nos guetos
Guerreiros, aventureiros e mendigos
Se confundem no mesmo grito
Dionísio parte as correntes
O humano dança livremente
Abandona um deus prepotente

O ser múltiplo atua na nudez da razão
É tocha nos subterrâneos da intuição
Transformador na arte de procriar cidadãos
[não de papel]
Canta aos quatro cantos a insan[t]idade
Cordel do homem que sabe
Na loucura habitam verdades
Entorpecidas de antipsicótico leponex!

Na atividade de processamento neuronal incansável do córtex
Eram deuses os astronautas pisantes?
Ou a divindade é um menino
Arauto do asfalto capaz de colher uma flor
Da náusea dos homens...???

A estrela
Que trago em mim
Brilha
Quase ofusca
A minha busca

O meu abismo
Me assusta
Mas tenho asas
E um ser que dança
Dentro de mim...

Anjo,
Suas asas abanam pestes,
Silenciam agruras
Do passado recente,
Presente!

Aparição fugaz,
Asa branca
Celestial.

Sorriso aberto,
Céu da boca estrelado,
Palavras de brilhante,
Beijo suave
Angelical.

Encanta-me em teu vôo
Ao meu redor,
Ave de rapina
Que fui.

Paixão,
Rio revolto,
Caminho sem garantias,
Acompanhado.

Pecado?
Felicidade?
Sorte?
Azar?

Anjo, anjo
Espanta para longe
Essas dúvidas
Que são nossas.

Serei seu anjo
Enquanto o sonho não vem!

E a noite nos embala...
Ao som de mil trompetes:
Gritos e urros,
Suor e risos
De uma asa à outra.

Anjos caídos,
Entregues,
Sorridentes
Querubins apaixonados!

Calor frio
Nas costas penetra.
Calafrio
Invade a alma
Do ser espreitado.

Corrimão para a fuga
Descida
Ao poço
Do ser perseguido.

Cambaleios,
Rimas frenéticas,
Dedos como pernas,
A fugir
Do que aquece pelo esteio vertebral,
O interior encalacrado.

Pavor
Temor
Horror
E paz
Ao se mirar
O que virá!


Encontram-se,
Dá-se o natural
Ocorre-se o fatal
E vem a calma.

Tranqüila morte
Nas asas de um anjo.

Na escuridão do quarto solitário
Descreve o inominável.

Ânsia de ser ouvido,
Com a voz embargada,
Grunhido estampido,
Cigarra entalada!

Alguém para lhe estender a mão?
Um ombro para recostar a cabeça?
Colo para desabafar baixinho?
Esmorece que o tempo não deixa de cortar.

Desejo,
Querência,
Sentimento.
Tempo!

Do que se deixou de ser
Ao que se vê no espelho:
Farrapos de um ser
Que não sobrepesou com olhos críticos o mundo...

Resta algo a dizer,
Sempre há.
Não vá,
Fica!

Mas o querer não intercede,
E se vão os anos nos vincos da face.
Nos dentes que caem,
Dos cabelos rarefeitos.

E eis que mais um ser
De uma amargura contida,
Não sabe se reconhecer
Da própria janela de sua alma.

Amanhece,
A luz retorna,
E denuncia:
Jaz um corpo estendido ao chão.

Ser não ser,

TUDO e NADA,

Não foi e não será,
As asas da esperança
Simplesmente apagaram seu brilho.

E, num traço roto,
Foi-se.

Triste estou.
Fatos reais
Chamam-me dor
E dói!

Muito.

Demais.

Mudo e surdo estou.
Sorrateiro clamor
Sem palavras
A falar ou escutar.

Nada.

Jamais.

Bêbado estou.
Paliativos fugazes
Anestesiam o diferente,
O original.

Rápido.

Insólito.

Vivo estou.
Sentimentos verdadeiros
Da fatal morte
A espreitar.

Faceira.

Feiticeira.

Morto estou.
Renascimento de contas
Amarelas
E azuis...

Do ser que fez jus
Ao merecimento
Da felicidade,
Da agonizante alegria...

O que é a morte?
Adeus.

Como dizer adeus a quem dispensava tanto afeto?
Existe dor maior que não ter argumentos para reverter uma situação?
Pode-se aceitar apenas,
Única alternativa.

Não há respostas para isto,
Só a ferida que sangra no peito,
Pelos poros,
Pelos olhos.

A harmonia que existia, já não comove.
A sensatez se torna insustentável
E a dor toma conta de meu coração.

Dói!

Dói!

Dói!

Como se despedir,
Esgotar o não-dito?
Não há possibilidades,
Quando não se quer,
Só se quer sobreviver.

A batida do telefone após o adeus,
É algo que cala qualquer ser,
Estraçalha o sentimento puro,
Deixando o vazio e o medo.

Medo de seguir separado,
Separado do que não seria separável.
Emoções delinqüentes e traquinas
Coisas de criança.

Só o pueril para tomar de conta
Nada a salvar na lavoura estéril
Só contabilizar prejuízos.

Cansado de muito, de tudo.
Cansado de acreditar e não ter diálogo,
Só o amargo final daquilo que era para ser e não será.
Triste e frustrado aceito a chave por debaixo da porta.

Adeus meu sonho de ilusão,
A realidade me pareceu tangível,
Mas nada permanece, nada mesmo.
Só a dor,
Que há de esmaecer até não lembrar
Da última vez que ouvi a sua voz ao telefone.

Triste caminho de um coração amoroso,
Inadequado e cruel,
Mas afetuoso.
E, a escrita por testemunha,
Assim seja!

Identifico-me no reflexo do espelho
Do outro, vice-versa,
Ruminantes encalacrados do íntimo velho,
Imagens produzidas pela conversa.

O movimento inicial, a comunicação,
Interação de um com o outro,
Com o resto, com o mundo, especulação!
Sem paradas, ou interfaces, encontro.

O tempo limitante torna-se irreal,
Sentidos aguçados na atenção,
Percebimento salutar do processo real.

Consuma-se o ciclo de identificação,
No entanto sem a lógica temporal
Ambos não existem, sem a imagem da mão.

Ostracismo romântico inepto
Seduz o humanóide há milênios...
Por razões e motivos tênues
Conduz ao estoicismo inapto!

A essência de uma humanidade,
Natureza imbricada, evitada no inconsciente,
Traz sorte ao demente.

Existir no cotidiano entre pares
Envolve comunicação,
Mensagens salutares.

Se, em relação, percebes que és
Existes por meio da relação,
Reconhece o outro na interação,
Única possibilidade de existires com seus pés.

Seja!
Exista!
Viva!


Talvez eu não seja o homem mais adequado,
Não seja adequado ao que você procura.

Talvez eu não seja o que se espera de alguém,
Ou, seja mesmo inadequado.

Mas não imagino alguém mais real e humano,
O que ofereço é simples e ao mesmo tempo complexo.

Simples pelo fato de ser o que é,
Complexo pelo mesmo motivo.

O tesouro que tenho é apenas o meu próprio ser,
Já não ofereço mais rosas...

Flores são belas, mas perecem,
E o que tenho é imaterial e imperecível,

Talvez por isto mesmo assuma nuances densas,
Mas são brilhos apenas, nada além disso, brilho.

Brilho devido ao refletir a luz, caso contrário,
Sem reverberação, é fosco, como diamante bruto.

Talvez eu seja mesmo inadequado!

Escolhas
Interativas,
Comunicantes,
Desconcertantes...

Escolhas.
Vivas,
Mortas
Escolhas.

Escolho a vida e a morte.

Sem escolhas do frio silêncio.

Asas de um anjo caído,
Que esfrega as penas na sua cara.
Não há escolha.
Encolha!

-SILÊNCIO-

Da fofoca
Silêncio.


Da descompostura
Silêncio.

Do descaso
Silêncio.

Do desafeto
Silêncio

Do silêncio
Grito!

Pode-se pensar que somos diferentes,
Ou que somos iguais.
O que importa?

Semelhanças,
Diferenças,
Facetas de uma humanidade!

Ser humano talvez seja isto:
Diferente das similaridades,
Semelhantes nas disparidades.

Pode-se pensar que tal reflexão
Aproxima ou afasta...
E isto importa?

Para alguns sim,
Outros não.
E, mesmo assim, não se consegue atribuir valor,
Posto que a vida é por cada um percebida.

Solitários em coletividade!
Seletivos cativeiros,
Cativados
Forasteiros.

Talvez só queiramos um momento de atenção,
Um olhar,
Um sorriso,
Que console a solidão!

Talvez, naquele instante,
Em que lhe é atribuído tributo
Possa se sentir completo!

Talvez os românticos
Estivessem com a razão,
Da busca da tal cara-metade!

Talvez aquele sorriso faceiro,
Que alegre lhe gela a espinha,
Seja algo do temer a rejeição.

Talvez aquele olhar,
De alegria e reconhecimento,
Seja a aceitação almejada.

Para nossa sorte,
alma ensejada,
nesta noite encontrada.
Ave amizade!

Da lua cheia que me deste
Ao buraco negro que me jogaste.

Do passeio em tuas asas
À queda na dura realidade.

Dos desejos e sonhos
Desencantados.

Do café da manhã na cama
Ao jantar moscas.

Do afeto
Ao descaso.

Silêncio
Ao teu silêncio.

Elegância
Deselegante.

Esquizofrenia sem palavras,
Mudez ensaiada.

Vá!

Fico!

Voe!

Fico!

Viva!

Fico!

Parta em silêncio,
Com sua elegante maneira triste de ser deselegante.
Fico no silêncio de minhas escolhas.

Só!

Cruzam-se entorpecidos,
Apressados,
Vagarosos,
Apreensivos,
Sorridentes,
Fechados...

Diversas origens,
Crenças,
Reflexões
Razões,
Emoções...

Concretas similaridades,
Proximidades
Relações
Igualdades
Diferenças...

Singulares coletividades!

Em redes com pontos
De conexão
De comunicação
Ou não,
Estabelecem sua interatividade.

No entanto,
Não se vêem
Sequer se comunicam,
Interligados que são
Da mesma matéria
E mesmo fim:
A morte!
Que não é o fim...

Desabafar o choro represado
Em rios de lágrimas contidas.
Esperanças que esvaem com o sangue
Gotejante no vazio deixado.

Respirar torna-se tarefa inconsciente...
Não há jeito!
Mesmo que se não queira,
O pulmão se expande.

Alívio da desilusão que tortura,
Não há de vir.
Entregar-se a elucubrações,
Não há de servir.

Pulsa coração no peito chagado,
Corre sangue no corpo putrefo,
Morram sonhos desfeitos,
Acode o ser,
Própria sorte.

Melancolia de um afeto interrompido...

Que a falta de fome
Dê início ao começo depois do fim.

Que o processo criativo possa advir,
Afagar com mãos ungidas em amarelo solidário.

Que a tragédia grega possa dar espaço à alegria,
Permitir a sanha do coração leviano.

Consumar o que se já conhece,
Deixar vir o prazo de validade,
E num lampejo de vaidade
Renascer que se parece.
Perece!
Prece!

A dúvida está:
Musa ou Esperança...
Quem culpar?!

Qual das duas,
Despidas e nuas,
Causa tal alvoroço?!

Há culpa?
Não há?
Ah, Coração
Masoquista!

Ó paixão, funesta paixão,
Deixa-me respirar...
Não me inspires Esperança,
Esconda tua Musa
Deixa-me em paz!

Não, não...
Voltem, voltem!
Não, não...
Vão, vão!

Peito de colo,
Alvo desejo,
Internado no tempo.

Musa e Esperança:
Literais
Crianças
Brincantes
Torturantes
Traquinas,

Onde fica a saída?

Quando trabalhar, enquanto durmo
Pensa em mim!
Quando adormecer, enquanto trabalho
Sonha comigo!

Do meu local predileto no planeta,
Seu peito,
Sinto falta.
Penso em ti!

Recostar-me qual criança
Embalado na esperança
De um dia lhe amar.
Penso em ti!

Gira mundo,
Corre ampulheta do tempo
E torna real tal pensamento.

A pele gruda untada
Ao suor da mão plantada
Na fronte pelo prazer avivada.

O beijo suave acalora-se,
Dois em um corpo
A tal da união.

Com os dias o desejo arde.
A vontade aumentada
Explode a ansiedade,
Juntada.

Se este fogo que incendeia o peito é paixão.
Que se consuma o que se tem de sobra .
Pois nem com esforço se terá razão,
Entregar-se da maçã à cobra.

A saudade vem com a separação momentânea,
Instantânea.
Vontade de rever o apego,
Chamego.

Se virá amor desta tempestade...
Só viver para saber,
Alivia a ânsia bruta
Aconselha o conhecer!

Que seja amor, meu amor!

O dia e a noite,
O sol e a lua,
O dormir e o acordar,
Só me trazem tua recordação.

Momento sobranceiro:
Sua boca que vejo,
Seus olhos que saboreio,
Em sonhos acordados.

Vetusta paixão,
Intermitente,
Pulsa,
Repulsa,
Atrai,
Repele
E sugere.

Entra no meu dia,
Dentro de mim.
Sem pedir licença
Invada e fique

Estatelo-me entre juízos
Discretos,
Insólitos.

Enraízo-me no seu querer,
Quase sem querer.

Sigamos de mãos dadas:
Verso
REverso
ENTREversos
De uma poesia
Cantada.
Ah... que doce rima encantada!

Sou agora outro
Que já não sou!
A todo instante
Fragmentos de mim.

Enfileirados
Os Eus variados:
Construtos serpentíferos!

Ora mais finos,
Ora mais grossos.

De intenso colorido solar
A fosco diamante bruto.

Formas e matizes,
Num mesmo ser.

Serpente sem cabeça
De corpo descomunal
Assim me construo
No espaço temporal.

De mãos dadas
Percorrem o inusitado.

Mãos apertadas,
Atadas,
Uma só mão,
Numa só carne!

Vasto vazio
Que o infinito descortina
Aos pés
Calçados de pureza.

Energia vital,
Pura,
Brilhante,
Reluzente...

Na caverna desvalida,
Reconhecem-se,
E se cumprimentam:
Oi meu Eu.

Suspiro...
Pulso,
Reflito!
Quedo-me apaixonado.

Suspiro...
Ar tragado d’esperança
Como fumaça
Concreta quietude.

Suspiro...
Tanto a dizer,
Por viver.

Estreito caminho de flores senis,
Delicada atração afortunada.
Suave,
Pesada,
Quebrantável.

Jardim do nosso futuro amor:
Agora, cuidados merece.
Ceifar a insegura palavra
D’ontem.

Suspiro...
Ao te tocar,
Mão que me estendes.
Leito de amarelas rosas,
Encantadas.

Estou encantado!

Querer e desejar:
Palavras que trazem dor,
Verbos de intensa vivacidade,
Que lhe levam à palidejar.

Quero!
Algo,
Alguém
E a dor vem.

Desejo!
Tal,
Coisa qual,
E o desatino surge.

Perdido ou encontrado,
Consumado ou realizado,
O não-equilíbrio
Só lhe torna depreciado,
Assustado
De sofrer
Sem conhecer
O fato
Sua origem,
Embaçado!

Quero e desejo
Não querer nem desejar.

Cansado desse duelo
Interior,
Quedo-me
E sonho:
Há de passar!

Sonhar:
Verbo e palavra de esperança
Que pode aliviar
Ou piorar
Sua fortitude,
Atitude
De continuar na estrada...

Inadequado e hermético,
Percebo-me.

Por vezes acreditei em minhas idéias,
Ao defendê-las com alegre ousadia.

Entrementes, não foi bem assim...
Perceber-me inadequado
Fez-me chorar
A vida que construí.

E, se pareço magro e amargo,
É tão somente fruto
De mim mesmo.

Fruto da árvore de mim,
Da flor grávida de ideais,
Repleto de sementes inférteis.

O humor sarcástico,
Ácido,
Que dantes feriu,
Agora me consome.

Triste e inadequado,
Solitário e estranho
Num ninho sem crias.

Descortinar-me foi necessário,
E inquieto.

Aprumar-me
Na adequação da equação,
Impossível!

Alma de cortes,
Dilacerada em mil de mim,
Sem linha a coser.

Trago a dor,
Respiro a amarga semente,
Do que poderia ser
E não fui.

Inadequado sou.
Mundo que gira
Ao meu redor,
Com o qual
Não consegui girar.

Entrego o jogo,
Penduro a chuteira,
E me arrependo...


MEA CULPA, MEA MAXIMA CULPA!

sexta-feira, março 19, 2010


VAMPIRES


chaseRichard Trenton Chase ( 1950 – 1980 ) – Obcecado pela idéia de estar com o sangue envenenado, esse americano resolveu se “reabastecer” de sangue. A bizarrice da história é que ele não bebia sangue humano, mas de vacas, coelhos e até de cães. Mas como todo vampiro que se preze, já matou 6 pessoas para dar umas goladas em “sangue limpo”. Foi preso e condenado a morrer ironicamente envenenado em uma Câmara de Gás. Mas decidiu por uma fuga surreal: se matou com uma overdose de antidepressivos.



elizabeth+bathoryElizabeth Báthory ( 1560 – 1614 ) – Condessa Báthory como também era conhecida, nasceu na atual Eslováquia. Levava uma vida normal até que perdeu o marido, morto por assassinato, e resolveu preservar sua juventude de uma maneira um tanto surreal: banhar-se com sangue de jovens e crianças virgens. Acredita-se que foram por volta de 600 vítimas. Elizabeth foi condenada a prisão perpétua. Em 1971 a lady vampira foi retratada no cinema no filme A Condessa Drácula.



Henri Blot ( 1860 – Até hoje procurado ) – Todos sabemos que vampiros são movidos por amor e coisas do gênero, mas Henri se superou. No dia 25 de março de 1886 ele entrou em um cemitério e violou o Henri Blotcorpo de uma ex-bailarina que havia morrido no dia anterior. Depois da experiência, Blot continuou indo ao cemitério para fazer sexo com os cadáveres recém-mortos e beber seu sangue. Mas extenuado, acabou dormindo ao lado de um caixão e foi preso pelas autoridades. No seu julgamento disse que precisava de sangue para viver, foi condenado a dois anos atrás das grades, mas escapuliu e até hoje é um mistério para as autoridades.




John George HaigJohn George Haig ( 1909 – 1949 ) – Digamos que a biografia desse vampiro, o Vampiro de Londres, é uma das mais assustadoras que existe, tanto que chegou a ganhar uma estátua no Museu de Cera da Madame Tussauds, em Amsterdã. John não perdeu tempo, quando era criança já era louco por sangue, chegou a mutilar durante algumas vezes os próprios dedos a fim de tomar o próprio sangue. Mas conforme o tempo passou ele virou um assassino sanguinário e chegou a matar 9 pessoas até que foi condenado a forca, quando tinha 40 anos. Como se já não bastasse, na hora de sua execução gritou, e entrou para a história, com a célebre frase: “Deus, salve meu filho da maldição do Drácula!”.


Vlad IIIVlad III ( 1431 – 1476 ) – O príncipe Vlad III nasceu na Transilvânia (atual Romênia). Foi um grande guerreiro, tanto que, na defesa do seu reino, matou mais de 40 mil inimigos – e os empalava vivo! Para os leigos que não sabem o que é empalar, essa palavra é o nome dado a uma tortura corporal onde uma lança é introduzida no ânus da pessoa até rasgar o tórax. Ele recebeu por isso o nome de Vlad Tepes ( “empalador”, em romeno). Fazia parte de um grupo religioso chamado Ordem do Dragão, onde foi nomeado Draculea ( que significa “Filho do Dragão” ).



O PRÍNCIPE MORIBUNDO

Tudo o que eu sou
Tudo o que eu sentia
Tudo me recordou
Que do caixão vem a nostalgia

Mais um ano visitando túmulos
E ainda não encontrei o que tanto pedia
O meu Nome, numa lápide não está
Mas não que não fosse o que eu queria

Ainda caio no chão
Vendo o Nojo no espelho
No Escuro beijo a tua mão
Sem se quer aceitar um Conselho

Pior do que o Abismo
É dentro de Si Mesmo
Desço no Inferno
E me conheço por inteiro


quinta-feira, março 18, 2010

William-Adolphe Bouguereau

(*La Rochelle em 30 de novembro de 1825 +La Rochelle em 19 de agosto de 1905)












The Funeral Of Hearts

O Funeral de Corações




Love's the funeral of hearts
Amor é um funeral de corações
And an ode for cruelty
E uma ode à crueldade
When angels cry blood
Quando os anjos choram sangue
On flowers of evil in bloom
Sobre o nascimento das flores malditas
The funeral of hearts
O funeral dos corações
And a plea for mercy
E uma súplica por misericórdia
When love is a gun
Quando amor é uma arma
Separating me from you
Separando-me de você



She was the sun, shining upon
Ela era o sol brilhando sobre
The tomb of your hopes and dreams so frail
A tumba de suas esperanças e sonhos tão frágeis.
He was the moon, painting you
Ele era a lua pintando-a
With it's glow so vulnerable and pale
Com ardor tão vulnerável e pálido.



Love's the funeral of hearts
Amor é um funeral de corações
And an ode for cruelty
E uma ode à crueldade
When angels cry blood
Quando os anjos choram sangue
On flowers of evil in bloom
Sobre o nascimento das flores malditas.
The funeral of hearts
O funeral dos corações
And a plea for mercy
E uma súplica por misericórdia
When love is a gun
Quando amor é uma arma
Separating me from you
Separando-me de você



She was the wind, carrying in
Ela era o vento carregando
All the troubles and fears here for years tried to forget
Todas as perturbações e medos, que ela por anos tenta esquecer
He was the fire, restless and wild
Ele era o fogo, inquieto e bravo
And you were like a moth to that flame
E você era como uma mariposa perto da chama



The heretic seal beyond divine
O herege badalo além da divindade
Pray to god who's deaf and blind
Uma oração para um deus surdo e cego
The last night's the soul's on fire
A última cerimônia para as almas sobre o fogo
Three little words and a question why
Três pequenas palavras e uma pergunta: por quê?



Love's the funeral of hearts
Amor é um funeral de corações
And an ode for cruelty
E uma ode à crueldade
When angels cry blood
Quando os anjos choram sangue
On flowers of evil in bloom
Sobre o nascimento das flores malditas
The funeral of hearts
O funeral dos corações
And a plea for mercy
E uma súplica por misericórdia
When love is a gun
Quando amor é uma arma
Separating me from you
Separando-me de você

HIM